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«A Imunoalergologia é hoje uma especialidade médica com prestígio»




Presidente de honra da 36.ª Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), o imunoalergologista José Ferraz de Oliveira falou com a Just News sobre alguns dos momentos mais marcantes do seu percurso profissional, da sua ligação à SPAIC e, entre outros aspetos, da evolução da especialidade nas últimas décadas. Na sua opinião, “a Imunoalergologia é hoje uma especialidade médica com prestígio”.

Just News (JN) – É presidente de honra da 36.ª Reunião Anual da SPAIC. O que significa isso para si?
José Ferraz de Oliveira (JFO) – Creio que a gentileza que a Direção da SPAIC teve para comigo ao convidar-me para presidente de honra desta reunião se deve primordialmente ao reconhecimento e valorização do meu envolvimento empenhado nas atividades da nossa Sociedade e na formação, desenvolvimento e consolidação da nossa especialidade desde há muitos anos. Significa também, certamente, uma expressão de afetuosa amizade, a qual, pela minha parte, tenho procurado cultivar desde sempre.

JN – Como surgiu a Medicina na sua vida?
JFO – De um modo muito natural. Recordo que teria cerca de 15 anos quando anunciei à minha família que queria ser médico. Assim, com toda a simplicidade. Nem nunca considerei qualquer outra profissão, e não me imagino a fazer qualquer outra coisa. O que não quer dizer que não me entusiasme com muitas outras atividades, nomeadamente na área da cultura.

JN – Já tinha médicos na família/teve influências?
JFO – Sim. O meu pai era médico e tinha também outros dois familiares afastados que eram igualmente médicos. Quando era miúdo, acompanhei muitas vezes o meu pai quando ele ia trabalhar. Admito que, no meu subconsciente, esta prática terá tido algum efeito sensibilizador para a escolha que fiz mais tarde. Mas o meu pai nunca influenciou os seus seis filhos, fosse no que fosse, no que respeita a escolhas profissionais. Aliás, recordo bem a sua evidente emoção e surpresa quando lhe disse das minhas intenções. Mais nenhum outro dos meus irmãos escolheu Medicina.



JN – E a Medicina Interna? E a Imunoalergologia?
JFO – No decurso do meu internato geral, tive um acidente de automóvel de que resultou uma fratura cominutiva do meu braço direito, que me impediu de trabalhar durante mais de seis meses. Este impedimento coincidiu temporalmente com um plano de formação prático organizado pelo meu Curso, feito a pensar na nossa preparação para a vida prática que se avizinhava (Serviço Médico à Periferia ou Serviço Médico Obrigatório). Este facto, associado aos tempos agitados que se viviam na altura (1974/75), fez com que chegasse à altura de escolher a especialidade e não me sentisse com a conveniente preparação geral para poder partir para uma qualquer especialização. Daí a escolha da Medicina Interna, a mais abrangente de todas as especialidades médicas não cirúrgicas.

Estive sempre no Serviço de Medicina 4 do Hospital de S. João durante o internato geral e de especialidade e este Serviço integrava um setor de médicos que se dedicavam especialmente às doenças respiratórias e alérgicas, havendo já, quando regressei do serviço militar, em janeiro de 1977, uma consulta especializada na qual me integrei desde logo e que foi o embrião do Setor de Alergologia do Serviço, mais tarde a Unidade de Imunoalergologia e depois o atual Serviço de Imunoalergologia.

Foi assim que foi nascendo em mim este especial gosto por esta especialidade, que me levou mais tarde a obter o título de especialista pela Ordem dos Médicos, em 1984, e a fazer um difícil e atribulado percurso profissional, com muita Medicina Interna pelo meio, até poder tomar posse, finalmente, numa vaga de Imunoalergologia do Serviço de Imunoalergologia do Hospital de S. João, em janeiro de 1995.

Gostaria de destacar a influência decisiva que para mim teve a circunstância de poder crescer, ao longo destes anos todos, ao lado da Dr.ª Marianela Vaz e da Dr.ª Maria da Graça Castel-Branco, colegas a quem fico a dever muito do que aprendi profissionalmente, e que sempre em mim depositaram uma confiança inquebrantável, um sustentado apoio e uma límpida amizade.



JN – Faz parte do Grupo de Interesse de Alergia Alimentar da SPAIC e foi coordenador do Grupo de Interesse da Rinite. Estas são as suas áreas de eleição ou tem outras? Quais?
JFO – As minhas áreas de eleição, para além das que mencionou, são a aerobiologia, de cujo grupo de interesse já fui secretário, a imunoterapia alergénica e a asma brônquica. Devo mencionar também a terapêutica com omalizumab, uma vez que fui responsável, juntamente com a Dr.ª Maria da Graça Castel-Branco, pela sua introdução na rotina do meu Serviço.


A entrevista pode ser lida na íntegra em formato e-paper:

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