«Organização interna dos hospitais: É fundamental que se aprovem os regulamentos das ULS»


Xavier Barreto

Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH)



Quando comecei a trabalhar na área da gestão hospitalar, o tema central de discussão era a organização interna dos hospitais. Naquela altura, as unidades que se destacavam eram justamente aquelas com modelos de gestão inovadores, assentes em estruturas mais autónomas e descentralizadas.

As melhores unidades eram reconhecidas pela sua eficiência e produtividade, alcançadas através de uma gestão sólida e focada na contratualização interna e no controlo de gestão permanente.

Quando esses modelos inovadores de gestão começaram a ser implementados, ficou claro que o envolvimento de todos os níveis hierárquicos, desde as chefias intermédias até aos profissionais do “chão de fábrica”, seria um fator decisivo para o sucesso. A criação de objetivos claros e mensuráveis que suportassem um compromisso conjunto elevava o nível de serviço prestado aos utentes e melhorava o ambiente de trabalho.

Hoje, mais do que nunca, é crucial que as ULS adotem estas práticas. A contratualização interna é uma ferramenta essencial para garantir a utilização eficiente dos recursos, enquanto o controlo de gestão é essencial à tomada de decisões mais informadas e ajustadas à realidade dos serviços.

Para enquadrar estas práticas de gestão, é fundamental que se aprovem os regulamentos internos das ULS. Passaram quase 10 meses desde a criação destas estruturas e não é aceitável que as ULS continuem a trabalhar sem regulamento interno.


Xavier Barreto

A boa gestão, a eliminação de sobreposições e zonas cinzentas, bem como a definição clara de responsabilidades e competências impõem a aprovação urgente desses regulamentos. Importa ainda que, nesses regulamentos, a gestão seja nivelada por cima, garantindo que as estruturas intermédias sejam dotadas dos administradores hospitalares necessários à sua coordenação e desenvolvimento.

Precisamos, por isso, de agir e caminhar mais rapidamente nesse sentido. Somente assim será possível responder aos doentes de forma eficaz, garantindo um serviço de saúde mais robusto e mais preparado para os desafios que enfrentamos.


O artigo pode ser lido na edição de novembro do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Integrados.

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