«A simbiose entre profissionais de saúde e da tecnologia foi fundamental na luta contra a pandemia»

Agradeço aos médicos, enfermeiros, secretários clínicos e todos os profissionais que colaboram nas unidades de saúde familiar (USF): o trabalho realizado na linha da frente de combate a esta pandemia de covid-19 foi absolutamente extraordinário.

Os mais de um milhão de cidadãos que, em Portugal, tiveram a infelicidade de contrair a doença encontraram um apoio atento e competente nas equipas de Medicina Geral e Familiar. Foram vários milhões de vigilâncias clínicas que se revelaram fundamentais para garantir a segurança e a tranquilidade dos utentes e das suas famílias.

E o que dizer do processo de vacinação? Posso afirmar, sem cometer injustiças, que os profissionais das USF são os principais responsáveis pelo sucesso da vacinação contra a covid-19 no nosso país. Os números falam por si: 15 milhões de inoculações administradas em cerca de 9 meses.

Pergunto, porém, se teria sido possível assegurar a qualidade e o número das vigilâncias clínicas efetuadas sem a Trace covid-19: o sistema de informação, nascido e criado durante a pandemia, que permitiu, entre muitas outras funcionalidades, gerir a informação sobre os doentes ou suspeitos de estarem doentes com covid-19. Um sistema que integra com o SNS24, com o SINAVE Lab, com o SINAVE Med e com as ferramentas de automonitorização de sintomas.

Foram cerca de 15 mil os profissionais que usaram esta ferramenta e cerca de dois em cada três os residentes em Portugal que beneficiaram da mesma.

Interrogo-me, também, se o processo de vacinação teria corrido do mesmo modo, culminando com a taxa que todos conhecemos e que elevou Portugal aos lugares cimeiros dos rankings mundiais da vacinação, sem os sistemas de informação.

Sem o VACINAS, onde são registadas as inoculações; sem o mecanismo de convocatória interativa por sms, usado mais de dez milhões e meio de vezes; sem as salas de vacinação dos sistemas SClínico (locais e central), que apoiaram a identificação dos utentes a convocar e permitiram gerir o processo de administração das vacinas; sem o Portal do Agendamento, que permitiu o pedido de agendamento a mais de três milhões e seiscentas mil pessoas; sem o sistema de senhas digitais que regulou o acesso à modalidade de “Casa Aberta”; ou sem os sistemas de monitorização, como o BI VACINAS, que foram essenciais para os processos de planeamento e de comando e controlo das operações.


"Os profissionais das USF são os principais responsáveis pelo sucesso da vacinação contra a covid-19 no nosso país"

Tenho a certeza de que a resposta só pode ser negativa. Os profissionais de saúde das USF são, como disse, os principais responsáveis pelos sucessos referidos, porém, durante esta pandemia, nunca estiveram sozinhos. A seu lado encontraram sempre os profissionais dos sistemas de informação. Uns e outros fazem parte da mesma equipa orientada para servir os cidadãos.

Esta simbiose entre os profissionais de saúde e os da tecnologia foi fundamental na luta contra a pandemia e é decisiva para enfrentarmos com confiança o futuro.

Há sinais no horizonte que nos dão esperança: a relação com a tecnologia é hoje muito mais próxima e generalizada do que há dois anos e temos um avultado pacote financeiro para promover a transformação digital na saúde inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência. Há um projeto ambicioso, há dinheiro suficiente e há um contexto favorável. Não é permitido falhar.

O sucesso foi muito grande e a fasquia está muito alta, mas tenho a certeza de que, se continuarmos juntos, voltaremos a vencer.



Artigo publicado no Jornal Médico dos cuidados de saúde primários de outubro.

Dirigida a profissionais de saúde e distribuída em todas as unidades de saúde familiar (USF) do país, esta publicação da Just News tem como missão a partilha de boas práticas, de boas ideias e de projetos de excelência desenvolvidos no âmbito dos cuidados de saúde primários, facilitando a sua replicação no SNS.