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Opinião

Amigdalite e otite nas crianças: A prescrição de antibiótico deve ser bastante criteriosa


João Farela Neves

Diretor do Departamento de Pediatria do Hospital da Luz, Lisboa



As infeções respiratórias são das principais causas de ida ao médico na idade pediátrica e a maior parte são causadas por vírus, sendo que na sua grande maioria não é necessária a prescrição de antibióticos.

Isto é particularmente importante nos primeiros anos de vida, altura em que a criança é exposta, pela primeira vez, a agentes infeciosos que causam sobretudo infeções benignas e autolimitadas.

As elevadas taxas de vacinação do Plano Nacional de Vacinação permitem que as crianças estejam protegidas contra as bactérias mais patogénicas, como o Haemophilus influenzae do sero grupo B, o Streptococcus pneumoniae ou a Neisseria meningitidis dos sero grupos B e C, diminuindo assim a incidência destas doenças.


João Farela Neves

Perante esta realidade, as infeções respiratórias mais comuns são a amigdalite e a otite. No caso da primeira, é muito pouco frequente que surjam infeções bacterianas antes dos 3 anos de idade, uma vez que 95% das amigdalites são causadas por vírus, nomeadamente quando acompanhadas por sintomas como dor de garganta, tosse, rinorreia, aftas, exantema e até diarreia.

A prescrição de antibiótico deve ser bastante criteriosa, assentando na pesquisa de antigénio bacteriano (do Streptococcus pyogenes) na orofaringe. Nestes casos deverá ser utilizada a amoxicilina ou a penicilina, evitando-se o uso de outros antibióticos.

Relativamente às otites, o princípio é idêntico às amigdalites: a maioria tem por causa agentes virais, especialmente quando a otite não é supurada e a criança apresenta bom estado geral.

Nestes casos, a vigilância e reobservação deverá ser uma estratégia a utilizar. Se for considerada adequada a prescrição antibiótica (idade inferior a seis meses, otite supurada, mau estado geral), o antibiótico utilizado deverá ser a amoxicilina (80-100 mg/Kg/dia), uma vez que o agente mais frequente é o Streptococcus pneumoniae.

A utilização criteriosa de antibióticos é fundamental para que possamos lutar contra o flagelo da resistência aos antimicrobianos.



O artigo pode ser lido na edição de junho do Jornal Médico dos cuidados de saúde primários, que inclui um Especial Criança.

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