2º Fórum do Sal: «linhas de orientação» para a redução do consumo de sal
A Sociedade Portuguesa de Hipertensão organiza, nos dias 26 e 27 de novembro, o 2º Fórum do Sal. O evento, que decorrerá em Lisboa, visa "identificar linhas de orientação específicas e eficazes para a redução do consumo de sal em Portugal".
José Mesquita Bastos, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), explica que "estarão reunidos vários especialistas nacionais e internacionais para falar sobre a problemática, de forma a aprendermos uns com os outros, partilhando informações e experiências de forma a, em conjunto, encontrarmos um caminho que se traduza em resultados práticos quanto à diminuição do consumo de sal."
Desta forma, no primeiro dia, 26 de novembro, realiza-se uma reunião de especialistas, sendo que a apresentação das conclusões decorrerá no dia seguinte, sexta-feira, no Auditório da Assembleia da República, e conta com a presença de profissionais e responsáveis de vários países.
A introdução e apresentação das principais conclusões da reunião será feita pelo presidente da SPH e por Graham MacGregor, presidente do Consensus Action on Salt & Health (CASH).
De seguida, realiza-se um debate onde participam também os seguintes comentadores:
- Dulce Ricardo, gestora de projetos técnicos na área Alimentar na Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor - DECO;
- Luís Martins, membro da SPH, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (CHEDV);
- Jorge Polónia, membro da SPH, professor de Medicina da Faculdade de Medicina do Porto;
- Fernando de Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA);
- João Breda, representante da OMS, responsável do Programa "Nutrition, Physical Activity and Obesity";
- Pedro Graça, diretor do Programa de Alimentação Saudável da DGS.
O peso da cultura no consumo excessivo de sal em Portugal
Em artigo publicado na edição de junho do Jornal Médico, editado pela Just News, José Mesquita Bastos sublinhava a importância da sondagem efetuada pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) em inícios de 2014, junto do público, da classe médica e dos farmacêuticos, onde se conclui que, "atualmente, a população portuguesa tem uma maior noção dos problemas de saúde, nomeadamente dos relacionados com a hipertensão, que podem surgir ou agravar-se com um consumo excessivo de sal."
O presidente da SPH deixava claro que "esta consciencialização da população para os malefícios que advêm do consumo excessivo de sal vai servir para alavancar o reforço das linhas de ação que a atual Direção vai implementar, dando continuidade ao trabalho desenvolvido nesta área pela SPH desde a sua génese e que contribuiu, decisivamente, para a redução do consumo excessivo de sal, vindo, inclusive, a ser aprovada, em 2009, uma Lei que limita o teor de sal no pão (Lei n.º 75/2009, de 12 de agosto)."
Na sua opinião, "há ainda muito a fazer nesta luta, uma vez que o consumo excessivo de sal em Portugal está culturalmente enraizado na confeção e preparação de todos os alimentos".
Neste sentido, indicava José Mesquita Bastos, "é necessário focarmo-nos cada vez mais na conceção dos alimentos, para que a redução do teor de sal não fique apenas pelo pão" e dá um exemplo: "a sopa é dos pratos essenciais da alimentação dos portugueses e sobre o qual a redução do teor do sal teria um grande impacto em saúde pública".
O responsável acrescentava ainda: "A sensibilização dos profissionais de saúde, das entidades governamentais e de saúde e da própria população é um trabalho que nunca pode parar. O excesso de sal conduz à hipertensão que, por sua vez, aumenta o risco de doenças e de acidentes cardiovasculares."