«A disfunção sexual é um tema desconfortável. Nós, médicos de família, temos de ser pró-ativos»
"A sexualidade tem sido sempre um tema muito tabu", afirma Mafalda Lobato, médica interna da USF Conde de Oeiras. Por esse motivo, é o tema central do projeto MGF em Linha, que arranca este ano, organizado por elementos de 11 USF de Lisboa Ocidental.
A "abordagem da sexualidade em consulta" será o tema da mesa redonda das jornadas, que decorrerão em formato online. "Temos que dismistificar e aprender a lidar com este assunto mais livremente e sem constrangimentos", afirma Mafalda Lobato, adiantando que "esta mesa redonda vai permitir a partilha de conhecimento nesta área bem como salientar a sua importância para uma saúde plena".
Mafalda Lobato, coordenadora da Comissão Organizadora das 1.as Jornadas MGF em Linha
Disfunção sexual: "Enquanto médicos de família, temos sempre uma grande vantagem"
O tema da disfunção sexual será especificamente discutido na reunião, já que "é desconfortável de abordar por parte de muitos utentes e acredito que nunca vai deixar de ser".
Dessa forma, e tratando-se de "um tema sensível e que a maioria das pessoas não se sente confortável a partilhar", Mafalda Lobato afirma:
"Nós, enquanto médicos de família ou de outra especialidade importante para esta problemática, devemos também desprender-nos e abordar a questão de forma natural e pró-ativa. Enquanto médicos de família temos sempre uma grande vantagem, que é a confiança que os nossos utentes depositam em nós e que permite uma partilha mais natural e livre destas questões mais delicadas."
Na sua opinião, a Medicina Geral e Familiar "é, de facto, uma especialidade privilegiada no que diz respeito à proximidade, confiança e ligação que temos aos nossos utentes".
E considera que a conclusão a tirar é óbvia: "Devemos aproveitar esta ligação para criar uma relação forte e segura, que possibilite a partilha sem constrangimentos de tudo o que possa ser um obstáculo ao bem estar de cada pessoa."
Elementos da Comissão Organizadora
Terapêutica hormonal de substituição
Uma proximidade e confiança com os utentes que é especialmente importante em muitos temas de saúde, indica Mafalda Lobato. É também o caso da terapêutica hormonal de substituição, "que para muitos continua a parecer como um bicho de sete cabeças".
O tema estará igualmente em debate nas Jornadas MGF em Linha, pois "representa um ponto fulcral para a qualidade de vida de muitas mulheres" e, nesse sentido, "como Médicos de Família, deve ser nossa preocupação desenvolver conhecimentos e à vontade nesta área de forma a contribuirmos positivamente para o bem estar das nossas utentes".
Inscrição gratuita e aberta a "qualquer profissional de saúde"
Mafalda Lobato faz ainda questão de salientar que, apesar de serem organizadas por médicos internos de MGF, as jornadas são dirigidas a "qualquer profissional de saúde que encontre benefício no seu desenvolvimento profissional com o nosso programa, quer seja interno, especialista, enfermeiro de Medicina Geral e Familia, Ginecologia e Obsterícia, entre outros".
Quanto à inscrição, é gratuita e será realizada através de um formulário online.
"Este é um grupo muito pró-ativo"
E como surgiu a ideia do projeto MGF em Linha? "O grupo 58, composto por elementos de diversas Unidades de Saúde Familiar de Lisboa Ocidental reúnem semanalmente nas conhecidas Sessões de Aprendizagem Relacional, um momento privilegiado que nos permite interagir pessoalmente e desenvolver projetos como este", refere a coordenadora.
Assim, e sublinhando que se trata de "um grupo muito pró-ativo e que dá primazia ao conhecimento", a decisão em avançar com o MGF em Linha surgiu de forma natural: "Pareceu-nos lógico desenvolver umas jornadas que contribuam para o desenvolvimento profissional dos nossos colegas."
A equipa integra médicos internos das USF Conde de Oeiras, São Julião, Oeiras, Dafundo, Ajuda, Linha de Algés, Santo Condestável, Jardim dos Plátanos, Linda-a-Velha, Lusa e Delta.
O programa provisório pode ser consultado aqui.
Contacto: mgfemlinha@gmail.com