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Apoiar quem sofre de demência: «Aproveitar o que já existe, e que é de qualidade»

Face ao problema da demência em Portugal, António Leuschner, presidente da Comissão Nacional de Saúde Mental, defende um melhor aproveitamento dos recursos existentes no País.

“Mais que criar novas estruturas, há que otimizar o que existe em todos os níveis de cuidados, tendo por base uma coordenação que é mais funcional que orgânica”, salientou, ao intervir no Congresso Internacional de Demências, organizado pela Casa de Saúde de Idanha, nos dias 22 e 23 de fevereiro.

António Leuschner é um dos coordenadores do documento “Bases para a definição de políticas públicas na área das demências”, elaborado por um grupo de trabalho multiprofissional que foi incumbido de propor uma estratégia para o desenvolvimento de políticas públicas para os cuidados a pessoas com demência, com base no Despacho n.º 17/2016, do secretário de Estado adjunto e da Saúde.



Abordando o tema “Demências: situação atual e desafios futuros”, o responsável deu a conhecer a realidade portuguesa na área nesta área, destacando a necessidade de existir uma maior relação intersetorial.

“Há sempre a tentação de se criar estruturas ditas especializadas quando se cria um grupo de trabalho, mas o mais importante é aproveitar o que já existe, e que é de qualidade, para que as pessoas com demência e seus familiares e cuidadores possam ser apoiados em todo o processo da sua condição”, sublinhou.

E relembrou que “esta necessidade de coordenação é tanto maior quando se trata de situações que afetam pessoas de mais idade, apresentando frequentes comorbilidades e necessidades complexas a nível biológico, psicológico e social”.

Para aquele psiquiatra, é crucial que os cuidados sejam centrados na pessoa, “o que reforça o papel da unidade de saúde de maior proximidade, bem como a articulação entre os serviços de saúde, de segurança social e, eventualmente, das próprias autarquias”.

António Leushner realçou ainda a necessidade de se elaborar um Plano para as Demências em Portugal. Deixou, contudo, um aviso: “Não basta existir o Plano, é preciso que haja, de facto, respostas a nível local e que se tenha a plena consciência de que a demência é um problema de todos e não apenas de algumas pessoas.”


Carla Pombo, Pedro Varandas, António Leuschner e Carlos Martin Lorenzo

No Congresso Internacional de Demências, também se ficou a conhecer a realidade espanhola. Carlos Martín Lorenzo, diretor clínico do Centro Sociosanitario de Palencia – Hermanas Hospitalarias, falou do trabalho desenvolvida nesta área pelo Grupo Estatal de Demencias espanhol, que está a trabalhar no desenvolvimento de um Plano Nacional de Demências.

Apesar de possuir uma estratégia, ao contrário do que acontece em Portugal, o responsável referiu que Espanha também ainda tem de dar alguns passos para otimizar o apoio a estes doentes e familiares. Carlos Martín Lorenzo mencionou mesmo que ainda existem várias assimetrias entre as diferentes regiões administrativas.

O Congresso ficou ainda marcado pela presença de Takanori Shibata, investigador do Tokyo Institute of Technology AgeLab do Massachusstes Institute of Technology, que trouxe o Paro, um robô terapêutico que estimula pessoas com demência.

O investigador japonês veio dar a conhecer este robô, que também vai ser adotado, pela primeira vez em Portugal, na Casa de Saúde da Idanha.


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