Cepheid Talks

Artroplastias totais da anca em ambulatório: CHUC inicia programa inédito

O Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) lançou um programa pioneiro de artroplastias totais da anca em Portugal, pondo em prática uma técnica cirúrgica microinvasiva desenvolvida nos EUA. A Just News acompanhou a primeira destas intervenções, realizada por uma equipa chefiada pelo cirurgião Luís Maximino Figueiredo.

A nova técnica, denominada Superpath, consiste numa abordagem cirúrgica inovadora, que permite que o doente esteja hospitalizado menos de 24 horas “e regresse posteriormente ao seu ambiente familiar para realizar a recuperação funcional e o regresso à vida ativa”, explica Luís Maximino Figueiredo, o primeiro ortopedista a pôr em prática a cirurgia em Portugal.



A técnica, de teor microinvasivo, promete revolucionar não só o tempo de recuperação dos pacientes, em comparação com os métodos convencionais, como também minimizar os efeitos colaterais.

A cirurgia “não agride os músculos nem os tendões da região da anca, o que permite reduzir o tempo de recuperação e acelerar a cicatrização dos tecidos. Apenas realizamos a dissecação do glúteo maior”, garante o especialista, assegurando que “nas técnicas convencionais esse período de convalescença é mais prolongado. As perdas sanguíneas também são menores e, sobretudo, consegue-se diminuir o risco de complicações, como infeções, luxações e tromboembolias”.



Antes de pôr em prática a técnica em ambulatório, Luís Maximino Figueiredo realizou formação em Roterdão, na Holanda. Posteriormente, o procedimento foi testado no Serviço de Ortopedia do CHUC, em regime de internamento, e só então começou a ser realizado em ambulatório. Os primeiros doentes a receber o tratamento “já estavam a trabalhar ao fim de um mês”.

“Um deles é instrutor de karaté e, embora ainda não consiga fazer tudo, sente-se tão bem que já está a dar aulas”, adianta o ortopedista.


Luís Maximino com alguns dos elementos que participaram na intervenção: Joana Padilha (enfermeira), Cláudia Carreira (anestesiologista), André Pinto e Tiago Pato (cirurgiões)

Luís Maximino Figueiredo admite que o facto de ter sido o primeiro cirurgião a realizar esta cirurgia no nosso país “é muito gratificante”. Com os olhos postos no futuro, estabelece agora como meta dar formação a colegas para que, “daqui a alguns tempos, se consigam fazer, por ano, pelo menos 40 a 50% das artroplastias totais da anca em ambulatório”.

Para além das vantagens da rápida integração do doente na sociedade, “é possível a recuperação funcional mais acelerada, com um período de convalescença mais curto, originando, por isso, uma menor dependência do doente face aos seus cuidadores, bem como uma mais rápida integração nas suas atividades quotidianas”.



"É tudo tão rápido"

A cirurgia implica alguns pré-requisitos por parte dos doentes: pacientes com um índice de massa corporal (IMC) elevado não se qualificam e estão ainda excluídas as situações neurológicas graves, sequelas de AVC, paralisia cerebral ou insuficiência renal crónica.



Segundo o cirurgião, "as contraindicações são um pouco mais do que  noutras próteses e temos de ter isso em atenção porque não vale a pena oferecer uma técnica a quem não vai retirar vantagens dela. Geralmente, reservamo-la para pessoas jovens, ativas, que precisem de retomar a atividade laboral o mais rapidamente possível e que sejam razoavelmente saudáveis".

Gil Ferreira da Costa, o primeiro doente a ser operado com esta técnica em ambulatório, não cumpria todos os critérios "à risca", nomeadamente no que diz respeito ao fator idade. Mas apresentava "um bom estado geral e provámos que também conseguimos fazer esta cirurgia numa pessoa com uma idade mais avançada", comenta o ortopedista.

Os resultados da cirurgia não tardaram em fazer-se notar. Interpelado pela Just News quando ainda não havia decorrido um dia inteiro após a intervenção, o doente revelou:

“Sinto-me maravilhosamente bem. É tudo tão rápido que quase não damos por nada. Quatro horas depois da operação, não só andei como subi e desci as escadas acompanhado pelo terapeuta. Ainda não passaram 24 horas e já posso ir para casa. Não há dúvida nenhuma de que se trata de uma evolução fantástica!”.



A reportagem completa pode ser lida na edição de junho do Hospital Público, onde são entrevistados outros profissionais.

Distribuído em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, o jornal Hospital Público promove uma partilha transversal de boas práticas, iniciativas e processos de melhoria contínua implementados por profissionais das mais diversas áreas, valorizando o trabalho dessas equipas e o papel do SNS.


seg.
ter.
qua.
qui.
sex.
sáb.
dom.

Digite o termo que deseja pesquisar no campo abaixo:

Eventos do dia 24/12/2017:

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda