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Humanização do ambiente hospitalar assume «grande importância na recuperação do doente»

Desde 2013 que o Hospital de São Francisco Xavier (HSFX), integrado no Centro Hospital de Lisboa Ocidental, é intitulado “Hospital das Artes”. Segundo Luís Campos, diretor do Serviço de Medicina daquela unidade, “há muitos aspetos no ambiente hospitalar que têm uma influência profunda na capacidade de recuperação dos doentes”.

O responsável falava num debate que teve lugar neste hospital, intitulado “A importância das artes na humanização do ambiente hospitalar", que aconteceu no âmbito das comemorações do 40º Aniversário do Serviço Nacional de Saúde.

De acordo com Luís Campos, que teve ideia de transformar o HSFX em “Hospital das Artes”, este título chama a atenção das pessoas para a importância da humanização dos hospitais, "tal como fizeram outros hospitais mundiais, como, por exemplo, o Cleveland Clinic, que tem um Art and Medicine Institute, com 8.600 obras".


Luís Campos

O internista explica que "a cor das paredes, o acesso à luz natural, a textura, a sinalética, o respeito pela privacidade dos doentes e o mobiliário são alguns dos aspetos do ambiente hospitalar que assumem grande importância na recuperação do doente".

“Sabemos, por exemplo, que pintar os quartos de azul claro ou de cor de rosa diminui não só a pressão arterial dos doentes como a frequência cardíaca e o stress. E que pintar de cor de laranja tem o efeito contrário”, mencionou.



“O cheiro dos hospitais também surte efeito nos doentes, nomeadamente no aumento dos níveis de stress e da frequência cardíaca. Sabendo disso, no mundo há muitos hospitais que na entrada colocam uma florista do hospital e há até um que montou fornos de pão junto às enfermarias para que as pessoas cheirassem o pão", referiu.

E fez questão de sublinhar não estar a referir-se "apenas às artes plásticas, mas também às outras artes", afirmando existirem estudos que demonstram, "por exemplo, que em salas de recobro, quando há música os doentes consomem menos analgésicos".


A música marcou também a iniciativa realizada no HSFX

“À arte podemos ir buscar o nosso lado mais individual e humano”

Daniela Arnault, arquiteta, foi uma das intervenientes do debate que foi moderado por Luís Campos, tendo destacado que “desde a Grécia antiga que as estruturas onde era suposto haver cuidados médicos já se preocupavam com aspetos como a luz natural, a localização e a relação com o vento”. Uma cultura que, segundo referiu, “acabou por desaparecer um pouco quando a tecnologia para tratar o doente e a eficiência dominaram o ambiente de alguma maneira”.



Já o artista plástico Rui Sanches disse que “seria interessante que nos projetos para hospitais feitos de raiz houvesse já uma integração da arte”.

Houve espaço também para uma intervenção musical, da responsabilidade de Pedro Jóia, que salientou: “A música é talvez a arte mais transversal às pessoas, a mais imediata.”

Fernando Esrich, diretor artístico da Operação Nariz Vermelho, afirmou que “o riso promove a saúde”. “Há pessoas que pensam que não faz muito sentido o nosso trabalho na Neonatologia. No entanto, há investigações que indicam que a música feita ao vivo acalma os batimentos dos bebés”, realçou.

Ao usar da palavra, Pedro Machado dos Santos, psicólogo e cofundador da Música nos Hospitais, disse: “Humanizar é tornar humano, e para tornar humano não posso olhar apenas para a dimensão física da pessoa. É preciso olhar para a dimensão relacional”. E acrescentou: “À arte podemos ir buscar o nosso lado mais individual e humano.”



“Hospital das Artes” começou a ganhar forma há mais de uma década

O “Hospital das Artes” teve origem num convite formulado em 2005 por Luís Campos, na época diretor do serviço de Urgência, a 22 artistas plásticos, que doaram 87 obras para o projeto "Arte na Urgência". Ao espólio foi acrescido de uma nova doação de 37 obras em 2013.

Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Manuel Baptista, Fernanda Fragateiro, Rui Sanches, Sofia Areal, Jorge Martins, e Daniel Blaufuks foram alguns dos artistas contemporâneos que doaram as suas obras, que se juntaram a uma doação especial da Fundação Millenium e ao conjunto de azulejaria existente no hospital desde a sua construção.


Luís Pisco, Daniela Arnaut, Rui Sanches, Luís Campos, Rita Perez da Silva (presidente do Conselho de Administração do CHLO), Pedro Jóia, Fernando Esrich, Pedro Machado dos Santos e José Manuel Fernandes Correia (diretor clínico do CHLO)

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