Cardiologista Fátima Pinto diz ser preciso «bom senso» no uso de testes genéticos
"Os testes genéticos devem ser pedidos com bom senso, para que se continue a ter um bom acesso aos mesmos", defende Fátima Pinto, diretora do Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Santa Marta (CHLC) e presidente do Grupo de Estudos de Cardiopatias Congénitas da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC).
A especialista falou à Just News no decorrer de uma reunião conjunta do Grupo de Estudos de Biologia Celular e Genética Cardiovascular (GEBCGC) e do Grupo de Estudos de Cardiopatias Congénitas (GECC) da SPC, que decorreu em Óbidos.
Fátima Pinto sublinhou a importância do “aporte dos testes genéticos no diagnóstico, tratamento e prognóstico das cardiopatias que, apesar de multifatoriais, têm sempre uma componente genética”. Mas acrescenta: “Determinadas situações exigem mesmo a realização destes testes, mas há casos que não necessitam da Genética para se chegar a um diagnóstico. É preciso ponderar cada situação, para se evitarem custos desnecessários.”
Apesar da contenção de custos imposta pelas medidas de austeridade implementadas no nosso país, a cardiologista pediátrica garantiu que, até agora, “nunca se deixou de fazer qualquer teste sempre que foi preciso”.
Natália António, arritmologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e coordenadora do GEBCGC, concorda com a importância dos testes genéticos em Cardiologia, “tão essenciais para identificar e compreender certo tipo de arritmias, que podem, inclusive, levar à morte súbita”, sublinhando que no CHUC também não tem sentido qualquer problema no acesso aos mesmos.
A realização desta reunião conjunta dos dois grupos de estudo da SPC justifica-se porque, afinal, “a Genética é uma área de grande importância para certos ramos da Cardiologia, como as cardiopatias congénitas”, referiu à Just News Natália António. No entender da especialista, “é cada vez mais premente haver esta ligação entre as duas especialidades, para melhor se entender a doença e para que os utentes possam ter melhor qualidade de vida”.