Medicina Baseada em Valor: «Há 3 anos que o HBA está a implementar esta filosofia»
A aposta na Medicina Baseada em Valor, que tem o doente como centro do sistema, foi o primeiro passo dos centros de referência em cancro do reto e de cancro hepato-bilio-pancreático do Hospital Beatriz Ângelo (HBA). Segundo Rui Maio, diretor clínico, “estes centros têm permitido a aposta na formação, na inovação e na investigação orientada para o doente”.
O responsável falou nas 6.as Jornadas do Departamento de Cirurgia do HBA, que decorreram há dias, sob o tema “Centros de referência: A caminho da excelência! Cancro do reto e hepato-bilio-pancreático”.
Na cerimónia de abertura, Rui Maio, que assume igualmente a direção do Departamento de Cirurgia, realçou a importância dos centros de referência que, no hospital, têm por base a chamada Medicina Baseada em Valor, como explicou:
“Há 3 anos que o HBA está a implementar esta filosofia, que é complexa, e que implica organização clínica por doenças, uniformização de cuidados, noção do papel de cada pessoa na equipa, medição de resultados e auditorias, sempre com o objetivo de envolver o doente, perspetivando cuidados de qualidade ao custo mais adequado”.
Rui Maio
Como acrescentou, foi a partir desta visão que, em 2015, o HBA se candidatou aos centros de referência. “Uma das mais-valias é a cooperação interinstitucional com o Hospital da Luz em patologias que exigem experiência acumulada”, mencionou ainda.
O diretor clínico sublinhou ainda a relevância das auditorias, subjacentes à Medicina Baseada em Valor e aos centros de referência. “Os auditores são os nossos melhores amigos, dizem-nos o que fazemos e o que podemos melhorar, o que se tem repercutido em mais formação, inovação e investigação.”
Ainda no âmbito da Cirurgia, Rui Maio relembrou que o HBA foi a primeira unidade hospitalar a implementar o ERAS-Enhanced Recovery After Surgery, especificamente na cirurgia colorretal, estando já a dar formação a outras unidades:
“Somos o único hospital em Portugal certificado como centro de excelência do programa, que contou com o apoio da ERAS Society, e que começou pela cirurgia ao cancro do reto, tendo-se seguido a do pâncreas.”
Os resultados não podiam ser melhores, como especificou: “Redução das complicações não-cirúrgicas, menos tempo de internamento, menos readmissões, mais satisfação dos doentes.”
“A principal motivação é servir cada vez melhor os cidadãos”
Também presente na cerimónia de abertura esteve Maria de Belém Roseira, como autora da Lei de Bases da Saúde. A ex-ministra da Saúde salientou, na sua intervenção, a importância dos centros de referência, que têm por base “o objetivo de obter melhores cuidados de saúde, centrados no doente, garantindo mais saúde, reduzindo-se desigualdades”.
Como acrescentou, “as pessoas devem estar no centro dos sistemas de saúde”, além de que “a principal motivação é servir cada vez melhor os cidadãos”.
Com base neste pressuposto, Maria de Belém Roseira também enfatizou as vantagens da Medicina Baseada em Valor, relembrando que este modelo assenta em pressupostos que criam valor para os doentes, mas também contribuem para a sustentabilidade dos sistemas:
“Para maximizar os resultados em saúde em Portugal é essencial um sistema de incentivos adequado, para que todos os stakeholders se alinhem pelo mesmo objetivo; reforçar e otimizar o financiamento de medicamentos e outras tecnologias de saúde inovadoras; avaliar o modelo de acesso a tecnologias de saúde; monitorizar os resultados em saúde.”
Na cerimónia de abertura estiveram ainda Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva do Grupo Luz Saúde, Artur Vaz, administrador executivo do HBA, Passos Coelho, diretor do Departamento de Oncologia do HBA, e Teresa Simões, enfermeira-diretora do HBA.
Passos Coelho, Maria de Belém Roseira, Marília Cravo (diretora do Serviço de Gastrenterologia do HBA e coordenadora-adjunta do Centro de Oncologia no Hospital da Luz), Isabel Vaz, Rui Maio e Artur Vaz