Cepheid Talks

«Hoje, a Cirurgia Plástica é um elemento sine qua non da prestação de cuidados»

“A Cirurgia Plástica tem uma imagem pública e, inclusivamente, uma leitura no meio médico um tanto deformada pelo mediatismo de uma disciplina que abarca – a Cirurgia Estética –, que me atrevo a considerar residual no conjunto do nosso trabalho”. A perspetiva foi partilhada por Victor Fernandes, na Sessão de Abertura da 50.ª Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética (SPCPRE), evento que teve lugar o mês passado.



Notando que esta especialidade tem uma forte presença no contexto dos Centros de Trauma, refere a atuação em “reimplantações de segmentos amputados, tratamento do grande queimado, lesões graves da face ou esfacelos dos membros e da mão”. Somam-se as “reconstruções mamárias após amputações por cancro, correções de malformações congénitas e cirurgias de reabilitação da imagem e da função”.


Como distingue, “hoje, a Cirurgia Plástica é um elemento sine qua non da prestação de cuidados”, salientando que “a Tutela e as administrações hospitalares têm de assumir a indispensabilidade de disponibilizar instalações, equipamentos e meios humanos adequados ao cumprimento da sua missão complexa, multifacetada e essencial”.




Victor Fernandes com Miguel Andrade (tesoureiro) e José Guimarães Ferreira (vogal da Comissão Organizadora)

Esta disponibilização, no seu entender, deve ser assegurada nos hospitais secundários e, muito especialmente, nos terciários, “segundo a Rede de Referenciação que foi revista há cinco anos e que não está a ser aplicada nem mesmo tendencialmente”.

Também a ampliação da capacidade de resposta aos grandes queimados em unidades de cuidados intensivos é uma necessidade que identifica, considerando que “a maioria destas unidades foi instalada a título provisório há 30 anos, sendo inadequadas para o tratamento que é, aos dias de hoje, oferecido a estes doentes”.

O seu dimensionamento, por sua vez, “foi feito para uma realidade que nada tem a ver com o risco de catástrofe que é iminente em toda a zona Sul da Europa e especialmente no nosso país”.


Victor Fernandes não pôde ainda deixar de falar da necessidade de se oferecer a todos os internos da especialidade “uma carga curricular que assegure a oportunidade de transferir conhecimentos básicos em todas estas áreas”.

A Sessão de Abertura desta reunião contou também com os contributos do presidente do Conselho de Administração do CHU Lisboa Norte, Daniel Ferro, que enalteceu a cooperação e solidariedade do Serviço na resposta à covid-19. Presentes estiveram também a presidente do Colégio da Especialidade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética da OM, Fátima Barros, e o presidente da SPCPRE, Álvaro Silva.

Na sequência da Sessão de Abertura, seguiu-se a Sessão Especial: Imagine um Homem que Implante e Cultive Verrugas na Cara, apresentada pela artista plástica e docente de Belas Artes Catarina Câmara Pereira.

Esta que foi a 50.ª reunião de uma sociedade científica com 60 anos de vida decorreu entre os dias 16 e 18 de setembro, no Pestana Palace de Lisboa, e contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República.


Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda