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Consulta de Artrite Inicial do CHUC permite «mudar a história da doença»

Fundada por Cátia Duarte, a Consulta de Artrite Inicial do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), uma das várias consultas específicas do Serviço de Reumatologia, começou a dar os primeiros passos em 2011, tendo sido criada formalmente no ano seguinte.

Em declarações à Just News, a médica “tem como objetivo ver doentes com queixas articulares inflamatórias, com uma grande probabilidade de virem a ter artrite reumatoide ou outra doença inflamatória, de modo a que seja possível intervir o mais precocemente possível e, assim, mudar a história da doença”.


Cátia Duarte

A médica de 40 anos, que está no Serviço desde 2005, explica que a Consulta se baseia em critérios específicos de referenciação, "contando com o contributo da MGF na identificação correta e precoce destes casos".

O tempo é o primeiro critério a ter em conta, sendo objetivo identificar as situações com menos de 12 meses de evolução. Depois é feita uma combinação de critérios clínicos e laboratoriais estabelecidos em protocolo (artralgias inflamatórias com rigidez matinal, artrite, compressão em bloco das metacarpofalângicas e/ou metatarsofalângicas, elevação dos parâmetros inflamatórios, velocidade de sedimentação e proteína C reativa).

“O doente deve ser imediatamente referenciado se tiver artrite ou combinação, por exemplo, de artralgias inflamatórias com rigidez matinal e PCR elevada”, aponta.



De acordo com a especialista, a referenciação pode ser feita através do Alert P1, mas muitas vezes efetua-se por contacto pessoal, por telefone ou por um email próprio da consulta, de maneira a que os doentes possam sem vistos no espaço de 2 a 4 semanas após a referenciação.

A consulta tem lugar em dois dias por semana e é realizada pelas reumatologistas Cátia Duarte e Tânia Santiago. Por se reconhecer a importância de ver os doentes muito precocemente, "quando surge um quadro muito sugestivo de artrite, é feito todo o esforço para ver o doente rapidamente".

Esta valência conta ainda com o apoio do reumatologista João Rovisco para a realização da ecografia musculoesquelética, bem como de todos os médicos do Serviço.


João Rovisco, Tânia Santiago, Cátia Duarte, José António Pereira da Silva

Apoio na formação à Medicina Familiar

E é precisamente com a preocupação de conseguirem fazer uma intervenção o mais precoce possível que o Serviço de Reumatologia tem feito um grande investimento na formação dos profissionais dos cuidados de saúde primários.

Esta ação é visível no Curso de Reumatologia Prática, que é feito anualmente, mas também nas deslocações de alguns elementos da equipa às unidades de cuidados de saúde primários. São ainda organizados periodicamente workshops, no âmbito da Unidade Coordenadora Funcional de Reumatologia do Centro (UCF.RC), que integra o Serviço de Reumatologia do CHUC e Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) daquela região.

Têm igualmente sido desenvolvidas campanhas de sensibilização, dentro e fora do Serviço, que alertam para a importância do diagnóstico precoce da artrite.



"Para que o doente entre em remissão o mais depressa possível"

Neste momento, já foram recebidos na Consulta cerca de 300 doentes, dos quais cerca de 50% tinham efetivamente artrite, tendo ficado em seguimento. A maioria com artrite reumatoide, mas também espondilartrite, grupo que engloba patologias diversas como a artrite reativa, a artrite da psoríase e as artrites associadas a doenças inflamatórias do intestino (colite ulcerosa e doença de Crohn).

Se surgem situações de lúpus eritematoso sistémico, estas são orientadas para a consulta específica. "Por mês, são referenciados cerca de 10 a 15 novos doentes".

Quando se confirma artrite, estes doentes são avaliados de uma forma muito apertada, normalmente, de 6 em 6 semanas. Segundo Cátia Duarte, “a terapêutica é otimizada para que o doente entre em remissão o mais depressa possível e assim se mantenha”.

"Oportunidade de ouro"

Em declarações à Just News, José António Pereira da Silva, diretor do Serviço de Reumatologia e coordenador da Consulta de Artrite Inicial, afirma que “está hoje provado que o tratamento precoce constitui a oportunidade de ouro para modificar de forma mais eficaz o curso da doença e alterar, para melhor, o futuro do doente”.


José António Pereira da Silva
 
Segundo o reumatologista, por razões diversas, normalmente, estes doentes chegam ainda demasiado tarde à Consulta de Reumatologia. “A criação de uma consulta dedicada à artrite precoce tem contribuído para sensibilizar a população e os médicos de família para a importância da referenciação atempada e ainda para remover todos os obstáculos burocráticos que se opõem a este objetivo”, refere.

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