Gestão do acesso à Urgência: a importância de «desenvolver respostas alternativas»

Viseu recebe este fim de semana a 4.ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, onde o tema em discussão se prende com os modelos de gestão do acesso à Urgência e a continuidade de cuidados. Alexandre Lourenço, presidente da APAH, salienta a importância do tema, sobretudo depois de um inverno em que, mais uma vez, se registaram contrariedades nos serviços de Urgência.

“A gestão da Urgência é muito relevante no Serviço Nacional de Saúde, até pelo desempenho insatisfatório que periodicamente vamos observando no país”, sublinha aquele responsável, em declarações à Just News.

“Sabemos que os hospitais têm a sua capacidade limitada na gestão de todos os problemas sociais que afluem a um serviço de Urgência. É importante desenvolver respostas alternativas para evitar que estes casos eminentemente sociais venham a necessitar de cuidados de saúde nos serviços de Urgência”, destaca.

Modoaldo Garrido Martin, diretor gerente do Hospital Universitario Fundación Alcorcón e vice-presidente da SEDISA - Junta Nacional de Sociedad Española de Directivos de la Salud (congénere espanhola da APAH), foi o orador da primeira APAH Talks, intitulada “Modelos de gestão da Urgência”. O antigo diretor médico no Serviço de Urgências Médicas de Madrid abordou o tema “Gestão de um serviço de emergência”.

Na mesma sessão, que se realizou ao final da tarde desta sexta-feira, William Mckee, da Irlanda do Norte, fundador e presidente do Belfast Health and Social Care Trust, apresentou o modelo de gestão integrada entre a saúde e o setor social, “com enormes reflexos no afluxo ao serviço de Urgência”. 

Experiências de sucesso

À semelhança das edições anteriores, especialistas nacionais e internacionais apresentam as suas experiências, sendo as mesmas comentadas e analisadas por um painel de peritos.

O dia de sábado terá início com uma conferência centrada na temática “Oportunidade: dinâmicas de eficiência na gestão da Urgência”, moderada por Delfim Rodrigues, presidente do Conselho de Administração do Hospital Senhora da Oliveira, em Guimarães, que será proferida por Xavier Corbella, secretário-geral da Federação Europeia de Medicina Interna (EFIM), diretor da Cadeira de Saúde Integrada e Assistência Social da Hestia e vice-diretor da Faculdade de Medicina da Universitat Internacional de Catalunya (UIC).

“É uma pessoa com muita experiência nesta matéria e vem ajudar-nos a compreender a dinâmica de eficiência na gestão da Urgência”, menciona o presidente da APAH, referindo-se a Xavier Corbella, lembrando que, no passado, foi também diretor médico da Althaia-Hospitals (Manresa), CEO do Bellvitge University Hospital, diretor da área de Saúde do Sul da Metropolitan de Barcelona e CEO do Hospital de Sant Pau.


Os oradores convidados, nacionais e estrangeiros, e grande parte dos participantes das Conferências de Valor destacam-se pela sua vasta experiência nos temas em debate.

Segue-se uma sessão sobre “Inovação na prestação de cuidados de Saúde”, moderada por Cílio Correia, presidente do CA do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, na qual várias startups vão expor as suas ideias, que serão sujeitas a uma análise feita por um conjunto de gestores hospitalares. “Solicitámos à Microsoft, ao Instituto Pedro Nunes e à Fraunhofer Portugal para escolherem um conjunto de empresas que possam apoiar o desenvolvimento do serviço de Urgência. Foram selecionadas quatro empresas para participar”, conta.

À tarde, terá lugar uma discussão sobre a gestão das urgências através de equipas médicas dedicadas, moderada por Rosa Reis Marques, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro e proferida por Artur Paiva, diretor clínico do CH São João.

Marion Collict, responsável pela gestão de operações do melhor serviço de Urgência inglesa desde 2011, vem apresentar as alterações feitas nas urgências do Luton & Dunstable University Hospital, em Inglaterra. Numa palestra moderada por Rita Perez, presidente do CA do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, a preletora irá apresentar os fatores de sucesso das referidas urgências que, como descreve o presidente da APAH, são “um ‘oásis” dentro do Serviço Nacional de Saúde Britânico”.


Alexandre Lourenco, Carlos Alberto Silva (presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa) e Pedro Lopes, presidente da 4.ª Conferência de Valor e da APAH entre 2008 e 2013 

Apresentação dos resultados do 2.º Barómetro de Internamentos

No sábado, Alexandre Lourenço apresentará os resultados do 2.º Barómetro de Internamentos Sociais. Depois do primeiro, que foi feito no mês de outubro e que identificou 5% de internamentos inapropriados, dos quais mais de metade aguardavam respostas da rede de cuidados continuados, o 2.º barómetro, que aconteceu no dia 19 de fevereiro, teve como objetivos principais “dar continuidade à monitorização do fenómeno dos internamentos sociais e tentar compreendê-lo de acordo com a sazonalidade”. 

“A nossa intenção é continuarmos a acompanhar este fenómeno, até para avaliarmos medidas implementadas e desenhar novas medidas”, sublinha Alexandre Lourenço.

Luís Campos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, e Ana Escoval, presidente do CA do Centro Hospitalar Lisboa Central, serão os comentadores desta sessão.

Viseu é a quarta cidade a receber as Conferências de Valor da APAH



Recorde-se que as Conferências de Valor da APAH, que contam com a presença de representantes dos conselhos de administração dos hospitais do SNS e de muitos responsáveis pela gestão intermédia, já passaram por Ílhavo, Porto e Évora, suscitando sempre um grande interesse e adesão. O evento que está a decorrer em Viseu é presidido por Pedro Lopes, que esteve à frente da APAH entre 2008 e 2013.