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Ginecologia-Obstetrícia do HGO: Mais de 25 anos a promover a humanização

Foi a 27 de dezembro de 1991 que abriu a Urgência de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta (HGO). Alcides Pereira era um dos médicos presentes nesse dia e recorda: “Tivemos três partos e, como queríamos todos fazer o primeiro, optámos por realizar um sorteio. Fiquei com o terceiro.”

Reconhece que a experiência não podia ter sido melhor: “É muito emocionante dar os primeiros passos num Serviço novo, com ótimas condições para que o parto seja um momento inesquecível. É fazer parte da história do Serviço desde o início.”

O médico, que vinha da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, lembra como o Serviço se distinguiu, desde o início, pela aposta na parentalidade positiva: “Regra geral, o parto é um momento único para qualquer casal, sendo muito importante que essa experiência seja boa, bonita.”


Nesse sentido, o Serviço tem investido, desde o primeiro dia, na humanização, explica Alcides Pereira. “É fundamental respeitar a vontade das grávidas, daí recebermos muitos planos de parto, que tentamos cumprir, desde que, obviamente, não esteja em causa o bem-estar e a segurança da mãe e da criança”, diz.



E continua. “Há uns anos, os médicos impunham as suas vontades e a mulher – ainda não se falava em casal – aceitava. Atualmente, há a possibilidade de se fazerem planos de parto, de se esclarecerem dúvidas e de se alertar para a inexequibilidade de alguns pedidos por razões clínicas, mas sempre em diálogo com a mãe e o pai.”

Esta proximidade tem como principal responsável Manuel da Silva Meirinho, mais conhecido como “Prof. Meirinho”.

“Foi o primeiro diretor deste Serviço, era um homem excecional, muito humano e inovador, um visionário, que lutava por uma melhor Medicina”, reconhece Alcides Pereira.


Alguns dos elementos do Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do HGO. A equipa integra 24 médicos, 96 enfermeiros, 14 assistentes técnicos e 41 assistentes operacionais

Enfermagem: papel ativo no parto graças ao “Prof. Meirinho”

Foi precisamente Manuel da Silva Meirinho quem iniciou uma das mudanças que, segundo Alcides Pereira, fazem a diferença no HGO. “Ele dava muita importância ao trabalho dos enfermeiros, considerava que tinham um papel fundamental”, aponta.

E dá um exemplo: “Uma das medidas que ele tomou foi incentivar as enfermeiras a suturarem as episiotomias das mulheres após o parto. Esta atitude evitava que estivessem mais de 1 hora à espera, como acontecia noutras maternidades naquele tempo.”

A medida é hoje comum, mas naquela altura gerou algumas resistências: “Junto dos médicos, houve alguma dificuldade em aceitar, porque ainda havia muito a ideia enraizada de que o tratamento cirúrgico destas feridas deveria ser feito apenas por médicos. Contudo, o Prof. era, de facto, um visionário e, com a sua capacidade inata em motivar pessoas, conseguiu essa mudança.”

Alcides Pereira não tem dúvidas de que esta aposta na humanização e no trabalho multiprofissional fez toda a diferença. “Hoje em dia, é algo comum, felizmente, muitos replicaram as nossas boas práticas”, enfatiza.


Rosália Marques

Além disso, “a Enfermagem tem competências na Saúde Materno-Obstétrica (SMO) que devem ser postas em prática, não há que ter qualquer receio. O seu trabalho é muito importante para que se obtenham cuidados de qualidade”. Esta atenção à Enfermagem é também testemunhada por Rosália Marques, enfermeira chefe do Bloco de Partos e da Urgência Obstétrica e Ginecológica desde 2000.


“Neste hospital, os enfermeiros especialistas em SMO exercem, de facto, as suas competências e trabalham em equipa com os médicos”, diz, satisfeita.

A enfermeira, que chegou ao HGO em 1996, não hesita em garantir ser “muito motivador trabalhar desta forma, porque reconhecem que temos competências e que somos essenciais numa equipa”. Aliás, como afirma, “todos nós sentimos autonomia para desenvolver o que nos compete, é um reconhecimento e uma valorização da nossa profissão”.

Bloco de Partos com luz natural e cores vivas

Uma das ideias defendidas por Manuel da Silva Meirinho prendia-se com a humanização do ambiente em que as utentes são atendidas. E esse cunho mantém-se, nomeadamente
no Bloco de Partos, onde, contrariamente ao restante Serviço, as cores são vivas e pintaram-se flores nas paredes das salas onde ocorrem os partos.

A luz é outro pormenor que não foi esquecido, como nos explica a enfermeira Rosália Marques. “Há luz natural, mas também temos em atenção a importância de se diminuir a luminosidade na altura do parto, porque isso ajuda a mulher a concentrar-se”, explica, enquanto vai dando a conhecer o Bloco de Partos.

Enquanto a reportagem da Just News decorre, nascem dois bebés, um de parto natural e outro de cesariana. Tal como no primeiro dia, Rosália Marques sorri e enternecesse-se com os recém-nascidos.



Alcides Pereira, que também nos acompanha, sente o mesmo e garante que o nascimento é sempre um momento único e inesquecível. “É um acontecimento fantástico, para mim todos os partos são bonitos; quando não corre bem, todos sentimos uma tristeza imensa, ainda assim, há que saber lidar com o insucesso, também faz parte desta profissão que abraçámos…”



Enquanto estas duas mães já viram os seus bebés, outras estão no Bloco de Partos à espera do momento mais importante das suas vidas. Para facilitar o trabalho de parto, além da epidural, têm acesso a bolas de Pilates, a música, à monitorização por telemetria para poderem deambular e a lenços para suspensão vertical, que dão apoio no trabalho de parto e no período expulsivo.

Como indica Rosália Marques, “desta forma, tentamos tornar o ambiente o mais idêntico possível ao de casa, para que as mulheres se sintam confortáveis”.


A reportagem completa pode ser lida na última edição de Women`s Medicine.

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