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Infeções associadas aos cuidados de saúde: «Portugal continua a não ser bom exemplo»

Dias antes da realização do Congresso Internacional sobre "Os desafios de um Hospital Atual: Inovação em Saúde Prevenção da Infeção", Abraão Ribeiro, presidente da Associação Portuguesa de Infecção Hospitalar (APIH), chama a atenção para o elevado número de infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) que continuam a verificar-se em Portugal.

Por dia, estima-se que existam no nosso país 12 mortes associadas às infeções hospitalares, que acontecem não apenas nos internamentos, mas logo após a alta, consideradas infeções nosocomiais. O referido número é seis vezes superior ao das mortes por acidentes de viação. “Continuamos a não ser um bom exemplo, o que contrasta com o posicionamento e imagem internacional do SNS português”, afirma Abraão Ribeiro.

No seu entender, o Programa de Prevenção e Controlo das Infeções e da Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), através da estrutura em rede, com os níveis nacional, regional e local, veio contribuir para a melhoria do panorama trágico que se vivia anteriormente.

“Apesar de uma melhor organização, proporcionada pelo PPCIRA, a redução das IACS ainda não será significativa. Porém, já é notória a redução da prescrição e do consumo
de antibióticos, sobretudo em meio hospitalar, mas também na comunidade, a que não será alheio o Programa de Apoio à Prescrição de Antibióticos (PAPA), que vem contribuindo para a diminuição da taxa de infeção”, menciona.



Abraão Ribeiro acredita que, “se houver um novo impulso, uma assumida estratégia e um desígnio dos responsáveis e estruturas da saúde, envolvendo os seus profissionais, será possível, numa legislatura, reduzir para cerca de 7% a taxa de infeção”.

Para este responsável, a campanha nacional relacionada com as precauções básicas de controlo de infeção, bem como o modelo proposto pela OMS de higienização das mãos, assim como outras medidas e iniciativas que têm sido implementadas, são de “extrema importância”, mas, de acordo com os resultados, “não têm sido suficientes”.

APIH quer reforçar o seu leque de intervenção

A APIH assume-se como uma associação sem fins lucrativos, destinada a contribuir para o estudo, prevenção e controlo das IACS, em todas as suas vertentes, tarefa que tem perseguido ao longo dos seus quase 30 anos de existência.

“De entre as suas muitas atividades, durante toda a sua já longa existência, destacam-se os diversos eventos que tem levado a cabo: congressos, seminários, encontros, quer seja como patrocinador científico ou como organizador”, realça Abraão Ribeiro.

Consciente da gravidade que representa o elevado nível das taxas de IACS, assumindo-se a sua prevenção e controlo como uma preocupação e tarefa de todos os profissionais da saúde, a APIH pretende reforçar o seu leque de intervenção, ao nível da formação e intercâmbio.



Desafios "transversais, interdisciplinares e interprofissionais"

Entre os dias 20 e 22 de setembro, a Madeira vai receber o Congresso Internacional subordinado ao tema “Os Desafios de um Hospital Atual: Inovação em Saúde; Prevenção da Infeção”, sendo organizado pela APIH, em parceria com a Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses (ATEHP) e a Secretaria Regional da Saúde da Madeira.

Questionado sobre a relevância do Congresso, o presidente da APIH afirma: “Entendemos que as novas tecnologias em saúde, associadas ao Hospital 4.0, nos colocam novos desafios a todos, de forma transversal, interdisciplinar e interprofissional. Vamos trocar experiências e conhecimentos entre técnicos de engenharia e arquitetura da saúde, com especialistas da área clínica, da infeciologia e da administração.”

Abraão Ribeiro acrescenta que “todos os temas do Programa são importantes e atuais, aportando aspetos inovadores, que permanentemente vão surgindo em Saúde, relacionados com as novas tecnologias, ditas de ponta, a evolução do equipamento médico e o controlo da contaminação”.

Preletores nacionais e estrangeiros irão abordar temáticas como a evolução do equipamento médico no bloco operatório, desde as salas híbridas à cirurgia robótica, assim como o novo conceito funcional da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais.

Abraão Ribeiro destaca que será dada especial atenção ao projeto do novo Hospital do Funchal, desde a apresentação da opção estratégica, passando pelo programa funcional, até à solução arquitetónica adotada e materiais selecionados, tendo em vista a quebra da cadeia de infeção.

O programa do Congresso pode ser consultado aqui.





A notícia completa pode ser lida na edição de setembro do Hospital Público.

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