Jornadas de Nefrologia da Madeira visam «reforçar a interação com os cuidados primários»
É já nos dias 28 e 29 de abril que se realizam as IV Jornadas de Nefrologia da Madeira. "Após a interrupção imposta pela pandemia de covid-19, é com grande satisfação que organizamos este evento", afirma Gil Silva, diretor do Serviço de Nefrologia do Hosp. Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.
E a expectativa é elevada, desde logo, "pelo crescente número de inscritos que temos tido ao longo das anteriores edições", refere o médico, sublinhando qual o "principal objetivo" destas reuniões:
"Acreditamos que a optimização dos cuidados de saúde implica uma maior e mais eficiente articulação com os cuidados de saúde primários. Assim, queremos reforçar essa interação, focando aspetos importantes na prevenção e tratamento precoce da doença renal."
Gil Silva
Único Serviço de internamento na região
Gil Silva recorda que o Serviço de Nefrologia do Hospital Central do Funchal desempenha "um papel central na prestação dos cuidados de saúde na área da Nefrologia". E percebe-se porquê: "Além de ter o único serviço de internamento dedicado aos doentes com este tipo de patologia", coordena todo o programa de doentes em terapêutica substitutiva da função renal na nossa região."
Mantém também o "seguimento estruturado dos doentes com transplante renal", bem como um programa de vigilância e intervenção endovascular dos acessos nos doentes em hemodiálise.
O especialista em Nefrologia salienta ainda que, ao longo dos últimos anos, têm desenvolvido um esforço no sentido de "promover a investigação e a formação, o incentivo à produção de estudos que visem melhorar o conhecimento e melhorar a vida das pessoas com doença renal". É o caso do estudo em curso da Prevalência da Doença Renal Crónica na RAM (Estudo DRCRAM) e Rastreio da Doença de Fabry na Ilha da Madeira.
"Uma epidemia crescente"
"A prevalência de doenças renais está aumentando drasticamente e o custo de tratar essa epidemia crescente representa um elevado encargo sobre os sistemas de saúde em todo o mundo", afirma Gil Vicente.
Esclarece também que a doença renal crónica (DRC) está presente nas suas fases mais avançadas em 6,1% da população "e pode chegar aos 12% se considerarmos todas as fases de evolução da doença".
Especificamente na Região Autónoma da Madeira (RAM) "verifica-se um aumento gradual da prevalência de doentes com DRC". Indica ainda que, em dezembro de 2021, "encontravam-se 480 doentes em terapêutica substitutiva da função renal, o que corresponde a uma prevalência de 1920 doentes por milhão de habitantes, superior à verificada nos Açores e ligeiramente inferior ao total nacional."
Sensibilizar a comunidade, profissionais de saúde e governantes
De acordo com o médico, e apesar da gravidade da doença, "torna-se evidente que ainda existe um grande desconhecimento por parte da população em relação às doenças renais".
Face a esta realidade, é com satisfação que Gil Vicente refere os esforços desenvolvidos pela sua equipa para "sensibilizar a comunidade, profissionais de saúde e governantes para a importância e implicações desta patologia".
Assim, desde 2015, o Serviço de Nefrologia do Hospital Central do Funchal tem vindo a assinalar o Dia Mundial do Rim com uma série de iniciativas, como é o caso de reuniões científicas orientadas para os profissionais de saúde.
O programa das IV Jornadas de Nefrologia da Madeira pode ser consultado aqui.