Investir na prevenção das doenças cardiovasculares permite reduzir custos no futuro

“O investimento económico no controlo dos fatores de risco cardiovascular, como a hipertensão arterial (HTA), tem repercussões em termos de poupança porque se evitam os eventos causados por estes”, alertou José Nazaré, assistente graduado sénior do Hospital Egas Moniz (Cardiologia CHLO), durante as 28as Jornadas de Cardiologia desta unidade hospitalar, evento a que presidiu.

Em entrevista à Just News, o médico esclareceu que, do ponto de vista económico, “numa primeira fase, pode parecer que há gastos em situações que cursam sem repercussão na vida dos cidadãos, contudo, após 5 – 10 anos, vão ter como consequência a prevenção de situações de doenças muito incapacitantes e causadoras de gastos para o erário público”.



Por outro lado, “é óbvio que uma política de prevenção tem um grande impacto em termos de saúde pública, permitindo ganhos futuros no que se refere à qualidade de vida e diminuindo a ocorrência de eventos relacionados com a existência de HTA, ou outros fatores de risco não diagnosticados em tempo útil ou não tratados adequadamente”, acrescentou.



Crianças afetadas pelos maus hábitos dos pais


O excessivo consumo de sal em Portugal mereceu mais uma vez destaque nestas jornadas. A Organização Mundial de Saúde preconiza o consumo diário de 5-6 gr de sal. Contudo, de acordo com um estudo realizado, há dois anos, pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão, a população portuguesa está a consumir o dobro.

José Nazaré, que assumiu o cargo de presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão em 2011-1013, refere que, “segundo alguns estudos e análises que têm sido publicados, também as crianças, em função do mau hábito dos pais, começam a consumir grandes quantidades de sal em fases muito precoce da sua vida." 

Essa realidade terá como consequência, "obviamente, o aumento da prevalência da hipertensão arterial e da ocorrência de complicações vasculares em idades mais jovens, de que é exemplo o AVC”.



Ao longo dos dois dias em que decorreu o evento foram debatidos vários outros temas relacionados, sobretudo, com a medicina do ambulatório, uma vez que o evento é organizado na perspetiva de melhorar a relação entre a medicina hospitalar e a que se pratica no ambulatório.

O propósito é dinamizar a troca de ideias com os médicos de MGF que, conforme sublinhou o presidente das jornadas, têm um papel muito importante no que se refere ao tratamento e acompanhamento dos doentes, “quer porque enviam os doentes para que eles sejam avaliados e tratados no hospital, quer porque recebem os doentes que depois dessa avaliação precisam de continuar a ser seguidos pela MGF”.

A reunião, que teve lugar no Hotel Vila Galé Ópera, em Lisboa, decorreu nos dias 16 e 17 de outubro e contou com mais de 500 participantes.



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