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Medicina Interna: valorização e reconhecimento de competências

Os vários desafios que a Medicina Interna enfrenta nos últimos tempos foram o mote da intervenção de João Araújo Correia, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), na sessão de abertura do Congresso Nacional desta especialidade, que decorreu ontem, ao final da tarde.

Mas, fez questão em garantir, “como especialidade, continuamos a crescer e não tememos o futuro”. E ainda afirmou que “o trabalho não assusta a Medicina Interna, porque ver doentes é a nossa paixão”.



Contudo, acrescentou: “Queremos ser respeitados e reconhecidos, por sermos, todos os dias, a base confiável do SNS no hospital. Acreditamos que esse reconhecimento e a noção de que conseguimos fazer cuidados assistenciais de qualidade, apesar das dificuldades, nos dará alento para continuar a resistir e a acreditar que vale a pena.”

João Araújo Correia, falando sobre o que deve mudar na MI, começou por salientar que os internistas nem sempre são ouvidos: “A MI não pode ser esquecida quando se definem consensos ou normas de prescrição; é preciso relembrar que é connosco que estão os doentes reais, idosos, polimedicados, com múltiplas terapêuticas, que tantas vezes são excluídos dos estudos clínicos.”


João Araújo Correia

O facto de a especialidade ser “fustigada todo o ano nas urgências caóticas” foi também um dos desafios mencionados, assim como o burnout a que estão sujeitos estes médicos.

Apesar das adversidades, referiu que a MI é já a especialidade médica mais numerosa, com 2600 internistas inscritos na Ordem dos Médicos e 940 internos de formação específica. “É connosco que é possível ter cuidados assistenciais com mais qualidade e eficiência. Isto já foi descoberto há cerca de 20 anos, nos EUA, com a criação dos hospitalistas”, disse.



O internista no centro de decisão

A defesa da MI também marcou o discurso de Armando Carvalho, diretor do Serviço de MI do CH e Universitário de Coimbra, que falou na sua qualidade de presidente do 25.º CNMI. “É desejável que na coordenação do centro da decisão estejam médicos com uma visão abrangente, uma formação multifacetada e uma grande capacidade de adaptação.”

E acrescentou: “Temos competências específicas que queremos ver reconhecidas e podemos e devemos estar no centro da decisão.”

Na mesa da sessão de abertura esteve também Jorge Crespo, em representação do CA do CHUC, que alertou: “Os conselhos de administração confidenciam-nos que nunca estiveram a um nível tão baixo de autonomia de gestão hospitalar. O Ministério da Saúde não é mais que uma Secretaria de Estado do Ministério das Finanças.”



O papel dos internistas na Saúde e a sua pouca valorização por parte da tutela foi ainda o mote das palavras de Miguel Guimarães, bastonário da OM. “No ano em que se assinala, os 50 anos do Internato médico, tal como o conhecemos atualmente, é de relevar a importância da MI, não apenas na formação dos seus futuros especialistas, mas também de outros profissionais de saúde.”  Como defendeu, “a MI merece ser mais destacada e valorizada”.


José María Fernandez, Armando Carvalho, Miguel Guimarães, João Araújo Correia e Jorge Crespo

A Sociedade Espanhola de Medicina Interna (SEMI) fez-se representar por José María Fernandez. João Porto, secretário-geral do 25.º CNMI, leu uma mensagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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