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Mulheres com DPOC: Médicos de família lançam guia para os cuidados primários

No Dia Internacional da Mulher, que se assinala esta quinta-feira, o Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) disponibiliza um guia prático sobre doença pulmonar obstrutiva crónica na mulher. Segundo o coordenador do GRESP, Rui Costa, “as mulheres com DPOC têm maior probabilidade de estar mal diagnosticadas, levando, potencialmente, a tratamento subótimo”.

Em declarações à Just News, o médico explica que o principal objetivo deste documento é fornecer um guia para os cuidados de saúde primários (CSP) acerca da melhoria dos cuidados às mulheres com DPOC, bem como apresentar um conjunto de boas práticas.


Coordenação do GRESP: João Ramires, Rui Costa, Cláudia Vicente, Carlos Gonçalves e Luís Alves

O responsável explica que o documento, que resulta da tradução de um folheto publicado pelo International Primary Care Respiratory Group (IPCRG), destina-se a todos os médicos que tratam mulheres com DPOC e em particular àqueles que trabalham nos CSP. O desafio é, segundo Rui Costa, “identificar precocemente, diagnosticar e tratar as mulheres com DPOC, as quais necessitam de uma atenção especial”.

Na sua opinião, a abordagem deste tema é “da maior importância”, atendendo às particularidades desta doença na mulher e tendo em vista a oferta de melhores cuidados e, consequentemente, maior bem-estar e qualidade de vida às mulheres com DPOC.



Segundo refere, relativamente aos homens, as mulheres com DPOC são geralmente mais novas, fumam menos, têm um IMC mais baixo e maior probabilidade de se apresentarem numa situação socioeconómica mais desfavorável.

Têm, igualmente, uma carga de comorbilidades diferente e apresentam mais alterações psicológicas, asma, osteoporose, ansiedade e depressão, têm maior exposição a combustíveis de biomassa, são mais sintomáticas para o mesmo nível de exposição, apresentam maior dano para o mesmo nível de exposição e têm maior dificuldade na cessação tabágica, apesar de terem um maior benefício.



O documento, que pode ser consultado aqui, estará disponível no site do GRESP e no da APMGF. Também a RESPIRA - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, como representante dos interesses dos doentes com DPOC, será um importante parceiro na divulgação pública deste guia prático, nomeadamente através do Facebook e do site da respetiva organização.

Guia prático também é uma “mais-valia” para as mulheres com DPOC

Isabel Saraiva, vice-presidente da RESPIRA, considera que este documento não é apenas uma mais-valia para os médicos, mas também para as mulheres que sofrem de DPOC, pois, “sabem que o médico está atento à sua condição e adequa o diagnóstico e o tratamento”.

“As mulheres que sofrem de DPOC têm de ser encaradas do ponto de vista médico de uma forma diferente dos homens”, salienta, acrescentando que estas precisam de ser olhadas e questionadas de forma distinta quando apresentam sintomas, nomeadamente tosse e cansaço, que podem indicar a existência de uma DPOC.

A responsável lembra que as mulheres podem ter uma DPOC provocada não pelo tabaco, mas por outras questões, nomeadamente uma situação laboral, pela exposição a químicos agressores dos pulmões. Muitas das profissões em que existe essa exposição, como, por exemplo, a de cabeleireiro, são ocupadas por mulheres. Por sua vez, recorda, “também está provado que o fumo em segunda mão tem efeitos nocivos no aparelho respiratório”.


Isabel Saraiva marcou presença nas últimas Jornadas do GRESP

A vice-presidente da RESPIRA realça que, embora a DPOC seja uma doença muito debilitante, quando relativamente controlada, o dia-a-dia pode ser feito com “alguma normalidade”.

No entanto, acrescenta, há dificuldades associadas à doença, nomeadamente o cansaço, a alimentação (deve ser feita em pouca quantidade porque é um ato que consome energia), ou o vento. "É recomendada a prática de exercício adequado à condição e à idade e controlado para permitir um dia a dia com alguma qualidade de vida."

Salienta ainda que "a doença não controlada ou em estado avançado dificulta muito o quotidiano", referindo que "tarefas simples como tomar banho, pentear o cabelo ou lavar os dentes podem ter dificuldade e ser fonte de muita fadiga".


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