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Iniciativa apoia jovens médicos a lidar com a «cirrose hepática e suas complicações»

A cirrose hepática é uma situação muito frequente na prática clínica dos internistas, seja no internamento, na consulta externa ou nos serviços de urgência, afirma Arsénio Santos, coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado (NEFD) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI). Na sua opinião, "é fundamental que todos os internistas, mesmo os que não tenham um particular interesse pela patologia hepática, conheçam bem esta entidade clínica".

Foi essa a motivação que levou à realização, durante dois dias, na sede da própria SPMI, de um curso de formação subordinado ao tema “Cirrose hepática e suas complicações” e particularmente dirigido aos jovens internos de Medicina Interna.

Internistas "na primeira linha da assistência"

Arsénio Santos, que é médico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), explica que, além de se envolverem no diagnóstico, tratamento e acompanhamento destes doentes, os internistas são frequentemente chamados "a diagnosticar e tratar as suas complicações, como a ascite, a hemorragia digestiva, a peritonite bacteriana espontânea e o carcinoma hepatocelular".

Sublinha ainda que, nos serviços de urgência, “os internistas são também a primeira linha da assistência a estes doentes, por exemplo, nos casos de hemorragia digestiva”. Além disso, “devemos salientar que há internistas envolvidos em qualquer dos três programas de transplante hepático existentes no nosso país”.

"Implicações na qualidade de vida dos doentes"

Até há alguns anos, a cirrose do fígado era a décima causa de morte no nosso país. Mais recentemente, a mortalidade por esta causa tem vindo a diminuir. Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, em 2013, posicionava-se como a oitava causa mais importante de anos potenciais de vida perdidos.



Além destas consequências, o coordenador do NEDF realça à Just News que a doença "acarreta também implicações na qualidade de vida dos doentes, no absentismo e nos custos económicos para toda a sociedade".

Estratégias "muito úteis na prática clínica"

Quanto às causas, o especialista destaca o alcoolismo, "que é ainda a mais frequente", as hepatites B e C – que, com as atuais armas terapêuticas, "tenderão a ser menos frequentes no futuro -- e, cada vez mais relevante, a esteatohepatite não alcoólica, relacionada com problemas como a obesidade, a diabetes e as dislipidemias".

“Penso que quem esteve presente nesta ação de formação terá saído com conhecimentos mais consolidados e sistematizados, além de ter sido possível elaborar algumas estratégias de atuação que lhes serão muito úteis na prática clínica”, conclui Arsénio Santos.


Arsénio Santos com Armando Carvalho, presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos, Maria de Jesus Banza, anterior coordenadora do NEDF, e Luís Campos, presidente da SPMI, nas últimas jornadas anuais promovidas pelo NEDF.

Alertar para a presença de "outras causas ou fatores"

Na ação de formação estiveram presentes 40 formandos, que foram sensibilizados para a importância de, "perante a doença, conseguir-se fazer um diagnóstico correto, onde não pode faltar o rigor na realização da história clínica e a boa utilização dos meios complementares de diagnóstico".

Acrescenta Arsénio Santos que nunca se deve esquecer, "mesmo quando a causa da doença parece ser óbvia, que poderão sempre estar presentes outras causas ou fatores”.

"Modificar hábitos ou comportamentos"

Quanto ao tratamento, que também foi abordado neste curso, Arsénio Santos lembra que tudo depende da causa subjacente, mas que aquele passa, frequentemente, "pela motivação do doente para modificar hábitos ou comportamentos". Depois, sublinha, “em função da gravidade da doença e das complicações, há lugar para a utilização de diversos fármacos, de meios tecnológicos ou mesmo do transplante hepático”.




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