O modelo de organização do Hospital Beatriz Ângelo «é muito valioso e benéfico para os doentes»
No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, a Medicina Interna ocupa um lugar central na organização hospitalar. Em declarações à Just News, José Pimenta da Graça, diretor do Serviço de Medicina Interna desta unidade, que integra o Departamento de Medicina, de que também é responsável, considera que "este modelo é muito valioso e benéfico para os doentes, pelas potencialidades subjacentes de diminuída mortalidade e menos complicações, o que resulta da prestação de cuidados com mais segurança e elevada qualidade”.
A unidade construída em Loures iniciou a atividade em 2012, em regime de parceria público-privada. Para pôr em marcha este modelo clínico, contratou internistas, escolhidos criteriosamente em 14 hospitais portugueses, públicos e privados. São 58 internistas, oito dos quais atribuídos exclusivamente ao Serviço de Urgência Geral e outros 13 aos Cuidados Intensivos e Intermédios, a cargo da Medicina Intensiva.
Em entrevista à Just News, publicada na edição de julho de LIVE Medicina Interna, que acaba de ser lançada, José Pimenta da Graça esclarece que, “procurámos, acima de tudo, médicos dedicados, que exercessem uma medicina que correspondesse a esta nova realidade, a de haver doentes cada vez mais idosos com múltiplas patologias e fragilizados também por condições sociais e económicas."
Acrescenta ainda que, por outro lado, "procurámos que esses médicos estabelecessem um compromisso entre resultados quantitativos e qualitativos, sem colocar em causa o princípio da equidade no acesso à prestação de cuidados médicos".
A terceira urgência com mais afluência da Grande Lisboa
O hospital mais novo do país, construído de raiz, serve perto de 270 mil pessoas dos concelhos de Loures, Odivelas, Sobral de Monte Agraço e uma parte de Mafra. À urgência, a terceira com mais afluência da Grande Lisboa, chega uma média diária de 340 doentes, que no inverno ultrapassa os 400, o que obriga a uma gestão rigorosa a todos os níveis.
O modelo clínico inovador foi fundamental para fazer face à região onde se insere. A existência de vastas áreas rurais e isoladas, aliadas a uma zona urbana, revelou uma população carenciada em cuidados de saúde, situação agravada por problemas económicos e sociais e, em muitos casos, com doenças em estado avançado, que têm exigido aos médicos dedicação extrema.
Todos os doentes adultos têm um internista responsável pela abordagem global das suas patologias em todo o circuito hospitalar. Pelo que, mesmo que não sejam estritamente de Medicina Interna, acabam por ter uma dupla cobertura, seja nas especialidades médicas como a Psiquiatria e a Oncologia, ou cirúrgicas, com maior destaque na Ortopedia, Cirurgia Vascular e Urologia.
As exigências hospitalares complementam-se com as atividades formativas dos 16 internos de Medicina Interna – quatro de outras especialidades e vários internos do ano comum –, ensino médico a alunos de diversos anos de duas faculdades de Medicina e a integração em órgãos de gestão, comissões hospitalares e grupos de trabalho, necessários para a aquisição da certificação pela Joint Commission International, adquirida em 2013.
"Olhar para um doente como uma pessoa na sua totalidade"
José Pimenta da Graça concluiu o curso de Medicina no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Luanda. Adquiriu a especialidade de Medicina Interna nos Hospitais Civis de Lisboa/Hospital dos Capuchos. Passou por diversos hospitais do SNS, mas foi no Egas Moniz que ficou mais tempo. Permaneceu aí 19 anos, como diretor do Serviço de Medicina Interna e do Departamento de Medicina do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO). Saiu em 2011 para assumir a Direção do Departamento de Medicina e do Serviço de Medicina Interna e as funções de adjunto da Direção Clínica do Hospital Beatriz Ângelo.
Questionado sobre o que o levou a escolher a especialidade de Medicina Interna, José Pimenta da Graça afirma que a decisão foi muito influenciada pela experiência enriquecedora que teve no Internato Geral e explica:
“Sempre gostei de olhar para um doente como uma pessoa na sua totalidade e para isso era necessário ter uma visão global das situações que iria enfrentar. Só a Medicina Interna me podia dar o conhecimento e a sensibilidade para lidar com o extenso espetro de doenças complexas, com muitas patologias, agudas e crónicas, graves e descompensadas, para além de noções sobre medicina preventiva e manutenção geral da saúde".
A entrevista com José Pimenta da Graça pode ser lida na edição de julho da LIVE Medicina Interna, no âmbito de uma reportagem sobre o Hospital Beatriz Ângelo e sobre o Hospital da Luz – um público e outro privado, mas geridos pela mesma entidade, a Luz Saúde. Nas duas unidades hospitalares foi atribuído à Medicina Interna um papel central.