O modelo de Urgência que temos «há muitos anos que não serve»
“O grande problema do SNS, atualmente, prende-se com o acesso aos cuidados de saúde”, admitiu Rosa Valente de Matos, ao intervir na 4.ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), evento que teve lugar no último fim de semana e que se centrou na discussão sobre os modelos de gestão do acesso à Urgência e a continuidade de cuidados.
“Temos, muitas vezes, aquilo que é programado junto do que não é. Ou seja, temos as consultas e as cirurgias e depois ao lado o Serviço de Urgência”, disse aquela responsável, durante o jantar de trabalho, dirigindo-se a uma plateia composta por representantes dos conselhos de administração dos hospitais do SNS e responsáveis pela gestão intermédia.
Lembrando as adversidades sentidas, mais uma vez, no último inverno, Rosa Valente de Matos afirmou: “É preciso trabalhar o Serviço de Urgência em Portugal. Já nos apercebemos que o modelo que temos não serve há muitos anos.”
A secretária de Estado da Saúde fez referência a alguns dos instrumentos que hoje existem e que podem permitir “fazer diferente”, nomeadamente os centros de respostas integradas (CRI) e os modelos de equipas dedicadas à urgência.
A título de exemplo, a representante do Governo recordou a experiência positiva que aconteceu depois de, há uns anos, ter sido lançada a cirurgia ambulatória em Portugal, hoje com resultados muito positivos.
“Sei que estamos com algumas dificuldades nos hospitais. Há um caminho que tem de ser feito no sentido de repormos a autonomia que perdemos. Cabe-nos também mostrar que somos capazes”, disse, frisando que “a autonomia traz responsabilidade”.
“Encontrar soluções em conjunto”
Por sua vez, Alexandre Lourenço lembrou que o propósito destas conferências da APAH é discutir problemas "e, principalmente, procurar soluções em conjunto, não só entre os administradores hospitalares, mas também com os outros profissionais que exercem funções de gestão dentro dos hospitais".
“Temos de trabalhar em conjunto para encontrar soluções para melhorarmos a prestação de cuidados de saúde em Portugal”, disse. E prosseguiu:
“A nossa posição tem sido sempre positiva e inclusiva. Ao longo do tempo, vamos assistindo a muitos ataques ao SNS a que não podemos ficar calados e a forma de respondermos é sermos ainda mais positivos.”
Alexandre Loureço e Rosa Valente Matos com Pedro Lopes, presidente do evento e da APAH entre 2008 e 2013
APAH homenageou três rostos da história da administração hospitalar
No próximo dia 27 de abril faz meio século que foram publicados dois diplomas que vieram criar e regulamentar a carreira de administração hospitalar, a par com as carreiras médica e farmacêutica, acontecimento que foi assinalado no jantar de abertura da 4.ª Conferência de Valor da APAH com a homenagem a três pessoas que marcaram a história da administração hospitalar: Júlio Reis, Helena Reis Marques e António Guiné.
“A administração hospitalar é feita de muita História e de muitas riquezas e uma delas são as pessoas”, disse Alexandre Lourenço.
A reportagem completa poderá ser lida no Hospital Público.