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Prevenir fraturas osteoporóticas no Baixo Vouga com a UCF da Osteoporose

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro acaba de aprovar a criação da Unidade Coordenadora Funcional da Osteoporose (UCF-OP) do Baixo Vouga, a primeira a nível nacional. Em declarações à Just News, Anabela Barcelos, diretora do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), explica qual o objetivo desta medida:

"Melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde prestados na área da osteoporose, através do estabelecimento de circuitos de referenciação, de circulação de informação clínica entre reumatologistas e médicos de MGF, criando condições para um funcionamento integrado do sistema de saúde."

"criar elos reumatológicos nos cuidados de saúde primários"

Desta forma, com o propósito de "prevenir, diagnosticar e tratar as fraturas osteoporóticas", a UCF-OP do Baixo Vouga visa facilitar a cooperação entre o ACES Baixo Vouga e o Serviço de Reumatologia do CHBV, contando para isso com uma equipa de médicos reumatologistas, médicos de Medicina Geral e Familiar, enfermeiros, nutricionista e assistente social.

“O que se pretende é criar elos reumatológicos nos cuidados de saúde primários, como forma de se apostar mais na prevenção e para se agilizar a comunicação entre cuidados primários e hospitalares”, explicou Anabela Barcelos.

A responsável disse ainda que é preciso haver “uma linha direta entre os diferentes cuidados, sendo nosso objetivo recorrer à teleconsulta, como forma de esclarecer dúvidas logo na unidade de saúde familiar (USF) ou unidade de cuidados de saúde personalizados (UCSP), além de que, se o utente necessitar de uma consulta no hospital, é possível marcá-la num período inferior a uma semana, podendo até, depois, voltar ao seu médico de família”.



A teleconsulta deverá estar a funcionar ainda este ano, segundo a médica. “Contamos ainda ter um densitómetro no hospital este ano, evitando que os doentes tenham de ser referenciados para clínicas convencionadas”, afirmou.

"urgente mudar o paradigma do internamento"

 De acordo com a médica, "o arranque do projeto será mais visível em setembro". Contudo, adianta que a primeira reunião da UCF-OP vai acontecer já em julho: "Uma das primeiras medidas é garantir que todos os doentes internados no Serviço de Ortopedia por fratura osteoporótica vão para casa com medicação antiosteoporótica."

No seu entender, é “urgente mudar o paradigma do internamento dos Serviços de Ortopedia, onde cerca de 50% dos doentes internados sofreram uma fratura osteoporótica da anca, sendo elevada a probabilidade de voltarem a sofrer uma nova”.
 
Para Anabela Barcelos, esta primeira UCF-OP vai ter impacto, sobretudo na população do Baixo Vouga. “Com o envelhecimento, aumenta o risco de fraturas decorrentes da osteoporose, sobretudo em mulheres, contribuindo para o aumento da mortalidade e da morbilidade.”

Continuando, a médica reumatologista relembrou que as fraturas levam muitas pessoas a ficarem dependentes de terceiros para as suas atividades de vida diária, acamados, perdendo a autonomia. “A partir dos 55 anos, o risco é maior, afetando sobretudo as mulheres que ainda estão em idade ativa, tendo assim um peso muito grande em termos de saúde, na própria sociedade e para o próprio Estado.”

Prevenção: "começar logo na infância"

Além do envelhecimento e das consequências que a menopausa pode ter na massa óssea, Anabela Barcelos destacou outro fator de risco. “O sedentarismo, associado à ausência de exigências físicas significativas devido a novas profissões e estilos de vida e a uma alimentação pouco rica em cálcio e vitamina D, acaba por aumentar o risco de osteoporose, uma doença silenciosa, que pode levar a fraturas, muitas delas decorrentes de quedas.”

A UCF-OP terá assim como primeiro objetivo a prevenção. “Devemos começar logo na infância, levando as crianças a praticar exercício físico e a terem uma boa alimentação, porque a nossa massa óssea depende do que herdamos geneticamente, mas também dos estilos de vida adotados, o que tem grande impacto na qualidade óssea e consequentemente na possibilidade de se ter osteoporose. É urgente combater a iliteracia em saúde na nossa população.”

Ainda no âmbito da prevenção, Anabela Barcelos realçou que a UCF-OP vai também tentar trabalhar com as autarquias por causa das barreiras arquitetónicas na via pública. Mas não só: “Em casa também é preciso ter em atenção os obstáculos que podem aumentar esse risco, como tapetes escorregadios, objetos no caminho, entre outros; neste caso o médico de família tem um papel fundamental por conhecer melhor o ambiente em que a pessoa vive.”

Fraturas osteoporóticas: Um problema de saúde pública

Quem também se pronunciou sobre a primeira UCF-OP do País foi a presidente da ARS Centro, Rosa Reis Marques. “A cooperação clínica e institucional entre os cuidados de saúde primários e hospitalares trará, sem dúvida, resultados promissores para a saúde dos nossos doentes, no âmbito da prevenção e do tratamento desta doença silenciosa”, disse.



A osteoporose e as fraturas osteoporóticas são já vistas como problemas de saúde pública, calculando-se que, em Portugal, existam meio milhão de pessoas com osteoporose. Quanto às fraturas osteoporóticas da anca, estima-se que a incidência anual esteja entre 154 e 572 por 100 mil mulheres e de 77 e 232 por 100 mil homens, dependendo da idade, segundo informações da ARS Centro.

De acordo com a mesma fonte, todos os anos são admitidos no Serviço Nacional de Saúde mais de 10 mil doentes devido a fraturas de fragilidade da anca, o que implica internamento. A sua ocorrência aumenta em 15 a 25% a mortalidade durante o primeiro ano após a fratura, além de que a maioria dos doentes se torna dependente de terceiros, ficando muitos acamados.


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