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Reabilitação respiratória no ACES Estuário do Tejo: «É um trabalho de diferentes especialistas»

Um doente está na passadeira, o outro no cicloergómetro de braços e o terceiro na bicicleta. Todos foram diagnosticados com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e integram o projeto-piloto de reabilitação respiratória e espirometrias do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Estuário do Tejo, que arrancou, em dezembro último, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Alverca.



Esta é uma das respostas mais recentes do ACES Estuário do Tejo para doentes com DPOC, na sequência do Despacho 6300/2016 do secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, que prevê a existência nos CSP de consultas intensivas de cessação tabágica, bem como o acesso a espirometrias e a tratamentos de reabilitação respiratória.

Note-se que a UCSP de Alverca já tinha ao dispor dos utentes uma consulta de cessação tabágica, entretanto reformulada em março de 2017, contando atualmente com consultas de enfermagem e médica individuais, grupo terapêutico, apoio psicológico, classe de movimento e realização de espirometrias.



Os utentes podem ser referenciados pelo Serviço de Pneumologia do Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX) ou diretamente por qualquer médico do ACES Estuário do Tejo. Mesmo os que já integraram o programa de reabilitação respiratória do HVFX, depois da estabilização da doença, poderão continuar a fazer os restantes tratamentos perto de casa.

"É um trabalho de diferentes especialistas"

Lurdes Cardoso é a fisioterapeuta que acompanha os utentes que passaram a fazer reabilitação respiratória na UCSP de Alverca. Vinda do HVFX, onde esteve 25 anos, mostra-se bastante entusiasmada com este novo projeto. “É fundamental ter cuidados perto de casa para se garantir a acessibilidade, mas também para se reduzir custos”, diz.

Não hesita em afirmar que "esta é também uma forma de reduzir os internamentos evitáveis e as idas às urgências, face a um maior controlo da DPOC. Isso é possível porque a reabilitação respiratória é um continuum de cuidados, para os quais contribui uma equipa multidisciplinar, que ajuda a definir estratégias para a gestão da doença”.

De acordo com a fisioterapeuta, “não se trata apenas de fazer exercício físico adequado, mas também de ensinar estas pessoas a administrarem a terapêutica inalatória sem desperdiçar o fármaco, a melhorar a qualidade do sono e da ansiedade, a prevenir a depressão, entre outros aspetos". E sublinha: "É um trabalho de diferentes especialistas.”


Lurdes Cardoso

Na sala de reabilitação respiratória, Lurdes Cardoso ajuda a melhorar a capacidade funcional dos doentes com DPOC, para que adquiram maior resistência ao esforço. “A todos é prescrito um plano individual de exercícios para que diminuam as crises de dispneia e para aprenderem a lidar com a falta de ar”, indica.

E dá um exemplo: “As pessoas ficam muito assustadas com a ideia de lhes faltar o ar e tendem a isolar-se e a tornar-se bastante sedentárias. O que tento mostrar é que é possível controlar a dispneia, para que as atividades de vida diária não deixem de ser realizadas.”

Lurdes Cardoso sublinha que este tipo de acompanhamento é possível nos CSP porque quem é selecionado está estabilizado em termos clínicos: “Obviamente que há casos que apenas podem fazer a reabilitação respiratória no hospital, mas os restantes passam a ser encaminhados para aqui, mantendo, obviamente, a interligação com os cuidados hospitalares.”

Para a fisioterapeuta, os benefícios deste tipo de assistência de proximidade não se cingem à reabilitação: “Existe uma forte componente de prevenção das exacerbações comuns, o que contribui para uma melhoria da qualidade de vida dos doentes – e até dos cuidadores –, além de se reduzir as idas às urgências hospitalares e os internamentos."



O projeto-piloto é considerado "um avanço importante" na prevenção e no controlo das doenças respiratórias, como salientaram à Just News todos os elementos desta equipa multidisciplinar. Os utentes, nomeadamente os doentes de DPOC que estão na sala de reabilitação com a fisioterapeuta Lurdes Cardoso, também não podiam estar mais satisfeitos por poderem ter acesso a estes cuidados perto da sua zona de residência.

A reportagem completa pode ser lida na edição de abril do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Primários, onde são entrevistados outros profissionais envolvidos no projeto: médica de família, enfermeira, psicólogo, terapeuta ocupacional, cardiopneumologista, fisiatra e pneumologista.





Distribuído nas unidades de saúde familiar de todo o país, o Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Primários partilha, todos os meses, novos projetos e iniciativas implementadas por profissionais que, com os meios disponíveis, procuram dinamizar as suas unidades e contribuir para a prestação de melhores cuidados de saúde no SNS.

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