Queixas do foro neurológico constituem uma das principais causas de consulta nos CSP

Na sua globalidade, as queixas do foro neurológico constituem das principais causas de consulta no âmbito da MGF, sendo as cefaleias um dos sintomas mais frequentes. O alerta é de Vítor Oliveira, presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN). De acordo com o neurologista, “embora, nas idades mais jovens, grande parte das queixas correspondam a situações benignas e de pouca importância, existe o risco de se subestimarem casos com potencial gravidade”. Isto implica “uma preparação do MF, de modo a identificar tais situações”.

Em entrevista à Just News, o presidente da SPN explica que as doenças neurológicas têm etiologias diversas, entre as quais as resultantes de processos degenerativos relacionados com o envelhecimento têm vindo a ganhar uma importância crescente, associadas, naturalmente, à maior longevidade da população. A título de exemplo, o especialista refere que as cefaleias correspondem às queixas mais frequentes e banais, podendo ocultar, em alguns casos, situações de maior gravidade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças neurológicas são responsáveis por 12% da mortalidade global. Destas, as doenças vasculares cerebrais correspondem a 85% do total.

Por outro lado, Vítor Oliveira adianta que, ainda segundo os dados da OMS, os tempos de incapacidade medida por DALY (Disability Adjusted Life Years) lideram todas as outras causas, à frente da tuberculose, das neoplasias, da doença isquémica cardíaca, bem como das doenças respiratórias e digestivas.

Um panorama que “reflete a importância da patologia neurológica a nível mundial e que não difere, na sua generalidade, do que se passa em Portugal”. O especialista sublinha que as doenças vasculares cerebrais são de uma “importância fundamental” no âmbito das patologias de foro neurológico, sendo que, em Portugal, constituem a principal causa de morte e incapacidade permanente, ao contrário do que acontece com os países mais desenvolvidos com os quais nos comparamos e onde estas doenças se encontram em 3.º lugar.

Adicionalmente, as doenças degenerativas, com especial relevo para as demências e as doenças do movimento, com o peso da incapacidade que provocam, “são socialmente importantes, pois, requerem estruturas de apoio, quer familiares, quer institucionais”.


Interação entre neurologistas e MF é "fundamental"

Na opinião de Vítor Oliveira, é fundamental a interação entre os MF e os neurologistas, “permitindo uma troca de informação sem demoras” e, além disso, discutindo os casos e permitindo o encaminhamento para áreas específicas da Neurologia, quando indicado e sem perdas de tempo.

“A SPN está interessada em favorecer a comunicação com a MGF. Nesse sentido, tem vindo a colaborar nas ‘Escolas’ de formação promovidas pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, com módulos em que se abordam as principais patologias do foro neurológico”, afirma, acrescentando que a próxima ação de formação terá lugar já em novembro.

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