«A urgência em reanimar a dimensão do Cuidar em Enfermagem»


Carla Oliveira Reis

Enfermeira. Mestre e especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, CHEDV. Investig. do ICS, Univ. Católica, Porto



Viviana Bernardes

Enfermeira. Mestre e especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, CHEDV. Investig. do ICS, Univ. Católica, Porto



Numa época em que a Humanidade se depara submersa numa crise, em parte devido à evolução galopante da ciência moderna e de toda a tecnologia, encontramo-nos numa era em que se vivem momentos de verdadeira transição dos valores essenciais da sociedade e dos seres humanos! Contudo, será que as modificações profundas a que assistimos serão assim tão questionáveis?

Ou poderemos só pensar que os valores, que se encontram em permanente tumulto, têm em vista o alcance de uma sociedade mais humana e mais robusta na defesa dos seus direitos?

Os comportamentos humanos encontram-se intimamente ligados às linhas de pensamento, às visões dos homens numa perceção do mundo futuro. É emergente a mudança de paradigma, porém, refletindo sobre qual o paradigma que nós, seres humanos, pretendemos para o nosso futuro.

Quando abordamos o conceito Cuidar, é de extrema relevância perceber o que é o Cuidar? Que Cuidar é importante reanimar?

Esta pequena reflexão é importante, pois, poderá levar cada leitor a mergulhar no seu interior e desvendar quais os seus conceitos e valores primordiais para podermos aperfeiçoar, aprofundar, e mesmo percecionar, a preocupação e a responsabilidade que comporta o simples ato de Cuidar.

Ao olhar para a sociedade atual, é fácil perceber o quanto ela se encontra enferma! Somos escravos de uma sociedade que nos assedia, domina e explora numa equação de números, onde todos os sujeitos são considerados atores de uma expressão infinita de números e sequências que se conjugam para atingir objetivos, meramente numéricos e objetivamente mensuráveis.

Nesta sociedade, todos os seres humanos são iguais, são meros peões de um jogo de poderes no qual não são respeitados os verdadeiros valores únicos.


Viviana Bernardes e Carla Oliveira Reis

Para desenvolver o verdadeiro Cuidar, ele foca-se no demonstrar a delicadeza e a afetividade com o outro, abraçando conceitos tão aparentemente simples como a atenção, a empatia, a comunicação e a escuta.

Saber Cuidar é desprender-nos do nosso mundo e entrar no mundo do outro, com gentileza e amabilidade, fazendo esse mundo ficar mais leve e sereno. É como entrar num oceano em plena tempestade e, com calma, conseguir dominar os ventos e as marés, transformando o mar numa calmaria. Cuidar é inovar! É ser proativo, ter capacidades para fazer as mesmas tarefas de forma diferente, onde consigamos alcançar as locomotivas das mudanças de valores, na linha dos valores mais essenciais.

Cuidar é o sincero olhar para um rosto que apela à nossa ajuda. Neste contacto visual ressurge a responsabilidade e a obrigatoriedade de oferecer respostas. Nasce assim uma relação de ajuda, de confiança e de plena cooperação.

É nesta aliança de liberdade, de sinergética e de respeito que se reforça o valor humano das relações, que tanto é o pilar da Arte de Enfermagem, que permite uma convergência na diversidade, propiciando uma experiência mais global e integrada na Humanidade, desenvolvendo desta maneira uma forma mais cuidada do Cuidar do ser humano.

Sem sombra de dúvidas, a Enfermagem são os profissionais, que, pela sua especificidade e pela sua proximidade com as pessoas, são verdadeiros agentes de mudança no que toca ao reanimar do Cuidar. Somos competentes, inovadores, com competências de adaptação e de transformação, emergindo nesta estratégia de maximizar a qualidade do Cuidar.

É importante parar um pouco e sublinhar alguns aspetos relevantes para renovarmos a nossa atitude e a nossa postura perante a realidade da sociedade atual. É importante nós, seres humanos, desenvolvermos a nossa humanização. Como poderemos contribuir para que o Cuidar do outro seja uma primazia e uma prioridade?

Cuidar será aprofundar o infinito, tornando este um objetivo? Cuidar é contemplar o amor e fazer de todas as nossas experiências e todas as nossas vivências autênticas jornadas, que enriquecem todo o nosso percurso de vida.

Parte dos enfermeiros desformatar para formatar novas práticas, baseadas nas evidências, que permitam boas práticas inovadoras, que reinventem o novo Cuidar.



O artigo pode ser lido no jornal Hospital Público de janeiro/fevereiro.

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