Opinião
Cirurgia ortopédia no idoso: «A idade não pode ser condição que impeça reconstruir uma articulação»
Carlos Evangelista
Chefe de equipa no H. Ortopédico de Sant’Ana (HOSA). Responsável da Unidade de Ortopedia Geriátrica do HOSA. Responsável da Unidade Ortopedia Geriátrica CUF Cascais
Na Ortopedia Geriátrica pretendemos defender “Valores com Sentido”, pilares de uma diferenciação sustentada na VIDA, AUTONOMIA, SAÚDE, QUALIDADE.
A VIDA que se traduz na nossa passagem temporal neste lugar e ficará marcada pelos momentos de decisão que irão influenciar outras vidas.
AUTONOMIA, significa capacidade de um indivíduo gerir a sua própria vida, valendo-se dos seus meios, vontades ou princípios. Autonomia também é independência, e independência é, por vezes, a capacidade de andar, e a perda desta pode significar a perda da primeira.
SAÚDE, trata-se de estado de equilíbrio do organismo e do ser, associado a uma sensação de bem-estar.
QUALIDADE de vida, conceito económico, que vincula diferentes prioridades.
Na prática, associamos a qualidade de vida à saúde, pois, esta permite-nos desfrutar o que de bom nos tem para oferecer. Podemos definir objetivos e prioridades, obtendo assim com qualidade, com saúde e com autonomia, uma VIDA recheada de momentos e ilusões.
Esta deverá ser a razão da nossa existência, por isso, devemos ter direito a uma segunda vida. Quero com isto dizer que a idade por si só não poderá ser, não deverá ser, condição que impeça a nossa independência, a nossa capacidade de reintegração na sociedade.
Até hoje, a reconstrução articular/idade, tem-se revelado uma cirurgia de difícil compreensão, pois pela idade/risco cirúrgico, não parecia “valer a pena”.
Hoje, mais do que nunca, temos que oferecer qualidade de vida aos seniores, independência, e esta, também se conquista através da capacidade de andar.
A dificuldade de mobilização pelas denominadas artroses, quer das ancas, quer dos joelhos, são entre outras, responsáveis pela sedentarização e dependência das pessoas.
Atualmente com equipas cirúrgicas bem treinadas, com os avanços dos materiais de implante, associado a técnicas miminimamente invasivas, podemos otimizar resultados.
A importância das equipas cirúrgicas prende-se não só com o desenvolvimento da técnica, mas também para a redução dos tempos cirúrgicos. Nos doentes de grande idade, o tempo cirúrgico é um dos fatores determinantes para um resultado final otimizado e de excelência.
A procura do melhor implante deverá ter como premissa o doente, a sua atividade, estrutura física e comorbilidades associadas.
Reconstruir uma articulação tem que ser hoje uma prioridade da Ortopedia, na excelência da independência e da autonomia.
Artigo publicado no Jornal do XVII Curso Pós-Graduado sobre Envelhecimento