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Opinião

Criação do GRESP resultou da necessidade de aprendizagem e atualização em patologia respiratória


Carlos Gonçalves

Especialista em MGF, S. Medicina MillenniumBCP. Cofundador do GRESP



Desde 1997 que existia, em alguns de nós, uma curiosidade e necessidade de aprendizagem e atualização em patologia respiratória, sobretudo suscitada pelo aparecimento do Projeto GINA (Global Initiative for Asthma), de pendente da OMS e do National Heart, Lung and Blood Institute, e sua implementação em Portugal – Projeto GINA Portugal –, no qual fomos convidados a participar ativamente, conjuntamente com pneumologistas e imunoalergologistas.


Só por curiosidade, este interesse levou-nos a participar e a integrar as reuniões do GPIAG (General Practice in Asthma Group, em Inglaterra) e estivemos na fundação do IPCRG – International Primary Care Respiratory Group, no dia 10 de julho de 2000, no Robbinson College, em Cambridge (sob a presidência do Prof. Doutor David Price, da Universidade de Aberdeen).

Em 2005, na sequência de uma proposta de um grupo de sócios da então APMCG, constituiu-se formalmente o GRESP (Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias que é um grupo de trabalho da Associação Portuguesa de Médicos de Medicina Geral e Familiar), tendo passado por um período de fraca atividade como grupo, embora os seus elementos de per si mantivessem uma participação ativa quer no Plano Nacional de Controlo da Asma, em 1997, quer no Projeto GOLD Portugal (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease), quer na publicação e divulgação das boas práticas, com a apresentação do Manual de Doenças Crónicas das Vias Respiratórias do IPAG, em 2005.

Os objetivos da constituição do GRESP foram (e são): promover e realçar a importância do papel do médico de família no diagnóstico, tratamento, educação e orientação dos doentes com patologia respiratória; produzir recomendações de boa prática ou adaptar as existentes às realidades locais, bem como fomentar a utilização de instrumentos que permitam melhorar a prestação de cuidados aos doentes respiratórios, quer através da educação dos doentes, quer dos próprios profissionais de saúde, bem como fomentar a investigação e elaboração de documentos científicos.

Em 2010, e para reativar e dinamizar o GRESP, efetuámos um curso de formação interna de formadores, com vista a aumentar a capacidade de intervenção, homogeneizar conteúdos e métodos de formação e aumentar a coesão do grupo.

Posteriormente (2011), investimos na criação e desenvolvimento de material científico validado pelo GRESP e, em fevereiro de 2012, realizámos as 1as Jornadas do GRESP, no Porto, reunião magna e de encontro do grupo, onde procurámos, para além de uma atualização, promover a divulgação de trabalhos de investigação ou de revisão realizados no âmbito da MGF. O congresso passou a realizar-se de 2 em 2 anos, sendo o próximo em Lisboa.

Ao longo destes 10 anos, verificámos não só um crescimento quantitativo, mas também qualitativo do GRESP, passando a haver polos dinamizadores nas diferentes regiões do país. Consubstanciado num reconhecimento não só nacional como internacional, foram estabelecidas parcerias institucionais com as sociedades científicas ligadas às patologias respiratórias (SPAIC e SPP), com grupos internacionais na área respiratória, sobretudo com o GRAP, grupo espanhol.

Em termos de investigação, estabeleceu-se uma parceria com a Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, através do Núcleo de Saúde Comunitária do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde, bem como com o Departamento de Ciências de Informação e da Decisão em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em projetos de investigação e na orientação de doutorandos.

Começámos por falar no IPCRG e não poderia terminar sem referir que as atividades do GRESP estão intimamente ligadas ao International Primary Care Respiratory Group, organização que congrega as várias organizações de profissionais ligados aos cuidados de saúde primários com interesse especial pelas doenças respiratórias, pois, vários elementos do GRESP participam ativamente em diversos grupos de trabalho.

Esse trabalho levou a que o próximo presidente eleito do IPCRG, para o biénio 2016-2018, seja o Prof. Doutor Jaime Correia de Sousa, que foi o coordenador e dinamizador do GRESP desde a sua fundação. O mandato culminará com a realização da 9.ª Conferência Mundial, no Porto, de 30 de maio a 2 de junho de 2018.


Artigo publicado no Jornal Médico de janeiro, no âmbito do Suplemento dedicado ao 10º aniversário do GRESP.

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