KRKA

Opinião

«Para quando um pacto de regime para a Saúde?»


Xavier Barreto

Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH)



A cada eleição sucedem-se as propostas dos diferentes partidos políticos para o setor da Saúde. São geralmente propostas que se focam nos problemas do SNS, procurando também ruturas com as políticas de Saúde dos governos que pretendem substituir. É um exercício legitimo, próprio de uma sociedade democrática, cabendo depois aos cidadãos escolher o Programa de Governo em que mais se reveem.

Sem prejuízo disso, não podemos ignorar o efeito deletério que a falta de consenso político tem sobre o setor da Saúde. O atual momento é bem ilustrativo disso. Mais uma vez, a Saúde
será arma de arremesso no período de campanha eleitoral e a discussão far-se-á de forma quase tribal, em vez de baseada na evidência e nas melhores práticas.

As políticas de Saúde tornam-se um mero campo de disputas políticas, desviando o foco das verdadeiras necessidades de saúde da população e prejudicando a implementação de soluções eficazes e baseadas em conhecimento.

A importância de um consenso político alargado sobre as principais políticas públicas, especialmente nas políticas de Saúde, é fundamental para garantir a continuidade e eficácia
dessas políticas ao longo do tempo. Quando existe um consenso político alargado, as políticas de Saúde têm maior probabilidade de serem sustentáveis e de resistirem às mudanças de governos ou de orientações partidárias. Isso permite a implementação de estratégias de longo prazo, que podem levar a melhores resultados de saúde para a população.


Xavier Barreto

Por outro lado, a ausência de continuidade nas políticas de Saúde pode ter consequências negativas significativas. A falta de estabilidade pode resultar em ineficiências, desperdício de
recursos e, mais importante ainda, pode afetar negativamente a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos.

Para além disso, a falta de continuidade pode prejudicar a confiança do público no Sistema de Saúde. Quando os cidadãos não podem contar com políticas de Saúde consistentes, isso pode levar à incerteza e à desconfiança, reduzindo a eficácia das políticas de Saúde Pública.

O consenso político alargado nas políticas de Saúde é crucial para garantir a continuidade, eficácia e confiabilidade do Sistema de Saúde e esperamos que o próximo Governo dê passos significativos nesse sentido.



O artigo pode ser lido na edição de novembro/dezembro do Hospital Público.

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda