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Prevenção e reabilitação cardíacas são importantes armas no combate à doença coronária




Em entrevista ao Jornal Médico, Ana Abreu, coordenadora do Programa de Reabilitação Cardíaca do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, e do Grupo de Estudo de Fisiopatologia do Esforço e Reabilitação Cardíaca (GEFERC) da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, refere que, “nos últimos anos, a Europa tem sido confrontada com elevada mortalidade cardiovascular e prevalência dos fatores de risco associados à doença coronária”, aspetos que têm alertado para a importância de levar a cabo medidas de prevenção e instituir estratégias que integram como fundamental a reabilitação cardíaca (RC).

De acordo com a cardiologista, estudos europeus, como o Euroaspire I, II e III, têm sido realizados para a avaliação dos vários fatores de risco, em diversos países da Europa, e sua potencial modificação, na sequência de sucessivas recomendações e normas preventivas.

“Sabemos que, nos últimos anos, o tabagismo se tem mantido sobreponível, contudo, com crescente proporção de fumadores no sexo feminino abaixo dos 50 anos de idade.” Adicionalmente, “a hipertensão arterial tem-se mantido e a dislipidemia tem vindo a melhorar, ao contrário da obesidade e da diabetes, que continuam a aumentar, apesar das várias medidas instituídas (farmacológicas e dietéticas)”.

“Atualmente, encontra-se em curso o Euroaspire IV, no qual Portugal participa, pela primeira vez, particularmente dirigido à diabetes e à obesidade”, avança, relatando que ainda recentemente foi realizado um registo europeu de RC (EuroCaReD), no qual o País também tomou parte.

Segundo refere, “graças ao empenho de alguns médicos”, tem-se investido no nosso país, de alguma forma e desde há muitos anos, na prevenção, mas apenas mais recentemente Portugal tem avançado na RC, área muito evoluída em paíse como Alemanha e Suíça.

“A grande mais-valia desta estratégia está no facto de utilizar um modelo bem estruturado, multidisciplinar e concertado, abrangendo não só a prevenção secundária cardiovascular, mas também incluindo um forte componente de treino de exercício, fundamental para a melhoria da capacidade funcional e o combate ao sedentarismo”, considera, acrescentando contar também com um “componente informativa/educativa que abarca desde a adesão à terapêutica até aspetos ligados ao retorno ao trabalho, ao desporto e à atividade sexual”.

Do ponto de vista económico, “está comprovado que medidas de prevenção, quer primária ou secundária, e de RC são eficazes, reduzindo o número de novos enfartes do miocárdio, de internamentos e de idas à urgência, por motivo cardiovascular”.

“Necessitamos continuar a crescer na prevenção e na RC para limitar a doença coronária e os seus efeitos nefastos na nossa população”, conclui Ana Abreu.



Artigo publicado no Jornal Médico de maio 2014

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