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Solução derivada do plasma para o tratamento da covid-19: «Até final do ano poderá estar disponível»




“Estamos numa corrida contra o tempo, daí que só faça sentido trabalharmos coletivamente, sem medir esforços e reunindo os melhores e mais avançados recursos da indústria”, considera a diretora-geral da Takeda Portugal, frisando:

“A melhor forma de apoiarmos os profissionais de saúde que estão na linha da frente é realizarmos esforços conjuntos. A probabilidade de desenvolvermos uma terapêutica com potencial para a covid-19 é maior se trabalharmos juntos.”

A aliança formada pela CSL Behring e pela Takeda, à qual se uniram as empresas Biotest, BPL, LFB e Octapharma, dando origem à CoVIg-19 Plasma Alliance, “está comprometida em encontrar, no mais curto tempo possível, soluções como a imunoglobulina hiperimune (H-Ig) para tratar a covid-19”.

“Juntámo-nos às empresas e instituições com foco em terapêuticas derivadas do plasma para apoiarmos esta aliança, pela sobrevivência e luta contra a pandemia do século. Se há uma coisa que aprendemos até ao momento com a covid-19 é que, juntos, podemos conseguir mais”, afirma Carla Benedito.

Segundo esta responsável, as empresas que constituem a CoVIg-19 Plasma Alliance operam em mais de 500 centros de colheita de plasma, só
nos EUA, abrangendo 50% da população de doadores elegíveis.

“Até ao momento, a resposta tem sido muito positiva, com outras empresas de plasma a integrarem a aliança, assim como empresas de fora da indústria farmacêutica que têm dado um apoio importante, como a Microsoft e a Uber Health, entre outras”, refere.

A diretora-geral da Takeda Portugal entende que “a pandemia de covid-19 é uma situação extraordinária, que exige respostas extraordinárias, a todos os níveis”. E acrescenta: “Há muitas mortes e infetados em todo o mundo e queremos poder contribuir para que esses números caiam ou até desapareçam rapidamente.”

Na opinião de Carla Benedito, é importante reconhecer o “excelente” trabalho de medidas e políticas de saúde públicas implementadas pela Direção-Geral da Saúde, Ministério da Saúde e Governo, que, sublinha, “garantiram que Portugal poupasse o SNS e mantivesse o número de fatalidades, por comparação com outros países, relativamente baixo”.

“Também nós na Takeda tivemos, desde logo, como principal preocupação mantermos a saúde e a segurança dos nossos colaboradores, implementando medidas de teletrabalho que o asseguraram.


Carla Benedito: “Tempos extraordinários exigem soluções extraordinárias”


De forma a contribuirmos no apoio à sociedade, disponibilizámos também doações à Cruz Vermelha e à Linha de Apoio Financeiro recentemente criada pela APIFARMA, em articulação com a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos, para apoiar os profissionais de saúde que combatem a covid-19”, conta.

Por outro lado, a Takeda juntou especialistas nacionais em várias áreas para poderem, através de webinars, ajudar a população e os doentes a ficarem mais esclarecidos sobre a pandemia.

“Na Takeda, temos o conhecimento e 239 anos de experiência a desenvolver terapêuticas para prevenção e tratamento de doenças, o que nos deixa muito empenhados nesta missão para a saúde pública mundial”, garante Carla Benedito.

Desenvolvimento de terapêutica dependente das pessoas que recuperaram da covid-19

As H-Igs são terapêuticas derivadas de plasma que, no passado, se mostraram eficazes e seguras no tratamento de infeções respiratórias agudas graves. Carla Benedito lembra que a Takeda desenvolveu, em 2009, uma H-Ig para o H1N1 (gripe suína).

“Acreditamos firmemente que Co-VIg-19 pode ser uma opção eficaz e precoce não apenas para tratar os doentes mais vulneráveis em estado crítico, mas também para possivelmente prevenir doenças pulmonares nas pessoas expostas a um risco maior de infeção, como, por exemplo, alguns profissionais de saúde”, aponta.

E salienta que o desenvolvimento de uma terapêutica bem-sucedida está dependente de outra colaboração importante, “talvez a mais importante de todas”, que envolve as pessoas que recuperaram da covid-19, que têm anticorpos contra o vírus que causa a doença. “O principal objetivo desses anticorpos é neutralizar o vírus e impedir que infete novas células dos doentes”, frisa.

Segundo refere, na prática, existe dois cenários em que o plasma convalescente pode ser utilizado como um potencial tratamento: administrado diretamente a doentes num hospital ou usado para fazer um medicamento contra a doença por via de H-Ig.

Takeda reforçada pela aquisição da Shire

Desde 1 de abril que a Shire e a Takeda são uma única entidade comercial e legal, a Takeda Portugal, que tem agora um portefólio de soluções terapêuticas altamente inovadoras e centrado em quatro áreas terapêuticas: Oncologia, Gastrenterologia, Hemofilia e Plasma e Doenças Raras Genéticas. Além do investimento em I&D direcionada para Neurociências e Vacinas.

“Este foi, sem dúvida, um ano de grande exigência para a nossa equipa local, com tudo o que um processo de integração acarreta ao nível de múltiplos processos, sistema legal, tecnológico, processual, de recursos humanos, entre tantos outros”, salienta Carla Benedito.

Globalmente, a empresa está muito focada no desenvolvimento de H-Ig para o tratamento da covid-19, mas os avanços noutras áreas são também entusiasmantes, seja pelo surgimento de novos medicamentos, seja pela criação de soluções visando melhorar o acesso aos produtos inovadores, constantes no portefólio da Takeda.

Um exemplo é o facto de estar prestes a introduzir no mercado o primeiro tratamento único e inovador com células estaminais aprovado pela EMA para tratar doentes com fístulas perianais complexas – uma terapia viva que tem uma durabilidade de 72 horas a partir do momento em que sai da fábrica, em Espanha, até ser aplicada/administrada no doente.

“É uma necessidade urgente das pessoas com esta doença e que não têm outra opção terapêutica, tratando-se de um medicamento verdadeiramente breakthrough”, menciona.

Entretanto, já está disponível o primeiro tratamento para a síndrome do intestino curto, “uma nova terapêutica que pode melhorar a vida destes doentes e das suas famílias, pois, permite libertar os doentes da nutrição parentérica, dando-lhes mais liberdade e qualidade de vida”.

Por outro lado, a empresa tem também trabalhado com as autoridades de saúde e os hospitais em “soluções de acesso que permitem disponibilizar, da melhor forma, a sua inovação aos doentes”.

A Takeda Portugal conta com uma equipa de cerca de 50 pessoas, sediadas na Quinta da Fonte, em Oeiras. No mundo, são atualmente cerca de 30 mil colaboradores da Takeda.

75 anos de experiência no desenvolvimento de produtos derivados do plasma

A Takeda é líder em terapêuticas derivadas de plasma, que desenvolve há mais de 75 anos, pelo que, de acordo com Carla Benedito, “tem a experiência necessária para pesquisar, desenvolver e fabricar medicamentos com este potencial”.

“Identificámos capacidades relevantes em toda a empresa e esperamos poder expandir as opções de tratamento para doentes com covid-19 e para os profissionais de saúde que cuidam deles”, indica, salientando:

“As terapêuticas derivadas do plasma são medicamentos essenciais, que salvam vidas, dos quais milhares de pessoas com doenças raras e complexas dependem todos os dias em todo o mundo.”

“A nossa herança, combinada com a nossa escala, experiência e capacidades, coloca a Takeda numa posição única para desenvolver todo o potencial de terapêuticas derivadas de plasma”, conclui Carla Benedito.



Artigo publicado na edição de maio/junho do jornal Hospital Público.

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