«É a HTA cronicamente não controlada que origina mais casos de emergência hipertensiva»

Quando temos valores de pressão arterial muito elevados, normalmente superiores a 180/110 mmHg, temos que considerar sempre a existência de uma emergência hipertensiva, calculando-se que entre 1 a 2% dos doentes que vivem com hipertensão sofrem pelo menos um episódio desses ao longo da vida”, começa por esclarecer Francisca Abecasis, que é especialista de Medicina Interna no Hospital Garcia de Orta, unidade atualmente integrada na ULS de Almada-Seixal, mas que falou com a Just News na qualidade de secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.


É certo que o valor da PA vai revelando alguma variabilidade ao longo do tempo, mas o alerta surge quando se assiste a um aumento abrupto associado a lesão aguda em um ou mais órgãos-alvo, nomeadamente o coração, o cérebro, as artérias e os rins.


Francisca Abecasis,

“A emergência hipertensiva pode apresentar-se com uma multiplicidade de sintomas relativamente aos quais temos, obviamente, que estar atentos, até porque indicam frequentemente o diagnóstico. A intervenção deve ser imediata, para prevenir ou reverter a lesão de órgão, devendo o doente ser encaminhado para uma unidade hospitalar diferenciada”, esclarece Francisca Abecasis.

Note-se que existem alguns fatores que fazem aumentar o risco de desenvolvimento de uma emergência hipertensiva, como ser do sexo masculino, de raça negra, ou ter uma idade avançada, sofrer de diabetes ou de doença renal, por exemplo, ou já ter sofrido um enfarte ou um AVC.


“Sem dúvida que a população mais afetada é a que tem hipertensão cronicamente não controlada, principalmente por não adesão à terapêutica prescrita”, confirma a nossa entrevistada. Mas logo chama a atenção para o facto de existir uma outra entidade, tradicionalmente conhecida por urgência hipertensiva, que não se associa a lesão aguda dos órgãos-alvo.




Hipertensão aguda assintomática

“O termo urgência hipertensiva cria bastante dúvida diagnóstica, impele o médico a tratar muito rápido, origina uma enorme ansiedade no doente e estamos cada vez mais cientes de que não será a designação mais adequada. Nos artigos científicos mais recentes preferem chamar-lhe hipertensão aguda assintomática”, afirma a internista, acrescentando:

“A grande dificuldade que muitas vezes se coloca ao médico, esteja ele na Urgência ou a fazer uma consulta de rotina, é descartar, com clareza, a possibilidade de estar perante uma emergência hipertensiva. Sendo certo que esse diagnóstico diferencial deve ser feito com base no tipo de sintomas que o doente apresenta e depois, se necessário, promovendo a realização de exames complementares de diagnóstico para confirmar ou excluir a lesão aguda de órgão-alvo.”

“Os estudos indicam que devem ser muito mais valorizados os sintomas do que propriamente a magnitude dos valores da PA quando se pretende avaliar se se trata realmente de uma emergência hipertensiva. Até porque a entrada na Urgência de um doente com hipertensão aguda assintomática “poderá levar à decisão de promover uma redução demasiado abrupta da PA, correndo-se com isso o risco de provocar danos por isquemia”.

A notícia completa pode ser lida na edição de outubro do Jornal Médico.

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