«É preciso dar nova vida à Reforma dos Cuidados de Saúde Primários»
Relançar a Reforma do SNS para os cuidados de saúde primários é o grande objetivo da equipa liderada por Henrique Botelho. Conhecedor dos CSP há várias décadas, esteve no início dessa Reforma enquanto 1.º coordenador da Equipa Regional de Apoio da Região Norte da Unidade de Missão para os CSP e, desde então, sempre lutou pelas Unidades de Saúde Familiar.
Em entrevista à Just News, publicada na atual edição do Jornal Médico, afirma que o modelo de USF "trouxe grandes mais-valias aos profissionais de saúde e à população". Além da meta de existirem apenas USF, Henrique Botelho realça, ao longo da entrevista, o papel de outros profissionais de saúde, como psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, higienistas orais e dentistas.
Questionado sobre o que vai mudar com a figura de um coordenador dedicado apenas à Reforma dos CSP, Henrique Botelho afirma que "a palavra-chave neste momento, e que consta do Programa do Governo, é relançamento. É preciso dar nova vida à Reforma dos CSP. O balanço atual da reforma é seguramente muito positivo, apesar dos vários constrangimentos sentidos nos últimos anos."
O responsável explica que, "com esta missão, pretende-se, deste modo, expandir e melhorar a capacidade da rede de CSP, dando início a um novo ciclo que relance um processo interrompido para a melhoria da qualidade e da efetividade da primeira linha de resposta do SNS. Será também o caminho necessário para que o nosso SNS se mantenha e se reforce, tomando como base os CSP, condição necessária enquanto promotor de equidade e garantindo acesso a cuidados de proximidade, com resolutividade, continuidade, qualidade e eficiência."
Eixos estratégicos
Quanto às medidas a implementar, refere que "são várias e são para ser colocadas em prática a curto, médio e longo prazo". Contudo, chama a atenção para o facto de que "esta coordenação não é um órgão dirigente, somos apenas uma equipa que prepara propostas e as submete ao Ministério da Saúde".
Henrique Botelho adianta que "os nossos eixos estratégicos passam pela centralidade nas pessoas, na cultura de governação clínica e de saúde, na modernização e qualificação organizacional e gestionária dos ACES e nos sistemas de informação ao serviço de todos. Tudo isto com base nos seguintes valores: transparência, prestação de contas, foco nos resultados em saúde e orientação pelo processo de cuidados."
Profissionais "muito competentes e com provas dadas"
Relativamente aos principais desafios para o futuro da reforma dos CSP, considera que, antes de mais, é necessário "relançá-la" e sublinha a importância da qualidade dos membros da equipa que lidera:
"Não é fácil, mas estamos todos no barco, a rumar com a mesma motivação. Admito que, inicialmente, no momento em que o Sr. Ministro me convidou para este desafio, senti alguma ansiedade, mas depois de ter, sem qualquer resposta negativa, constituída esta equipa – Maciel Barbosa, Carlos Nunes, José Luís Biscaia, António Manuel Oliveira e Patrícia Barbosa –, percebi que não tinha nada a temer. Conhecemo-nos há muito, são ótimos profissionais, muito competentes e com provas dadas, sabem fazer e acreditam no que fazem."
Um homem do Norte que luta pela reforma dos CSP
Henrique Botelho, de 59 anos, é casado e tem duas filhas também ligadas à área da Saúde. Por pouco ia sendo neurorradiologista, mas foi a MGF que o conquistou. Sendo um homem do Norte, nasceu em Vila do Conde, apesar de nunca lá ter vivido. Foi médico e diretor do CS de Terras de Bouro (1986 a 2009), fez parte da ERA Norte, da Unidade de Missão dos CSP e do Departamento de Contratualização da ARS Norte.
Posteriormente foi diretor executivo do ACES Ave I – Terras de Basto (2009-2012). Antes de ser chamado para coordenador da reforma do SNS nos CSP, encontrava-se requisitado pelo SMN/FNAM. Integra também a equipa da USF Manuel Roxa Peixoto.
A entrevista completa com Henrique Botelho pode ser lida na atual edição do Jornal Médico.
