A abordagem do doente hipertenso nos Cuidados de Saúde Primários

"A hipertensão não é apenas uma doença orgânica", afirma Joana Silva Monteiro, médica de família na USF Odisseia - ACES Maia/Valongo e membro dos Corpos Sociais da Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Na sua opinião, "trata-se de um problema de saúde crónico, que afeta o indivíduo nas suas diferentes dimensões – física, psicológica, social". 

E dá alguns exemplos da complexidade da situação: "Um doente pode apresentar valores de pressão arterial alterados, por exemplo, porque está mais ansioso, ou por ter esperado 30 minutos para ir à consulta. Pode ainda não ter comprado a medicação prescrita porque o fármaco era demasiado caro… ou ter parado porque os efeitos laterais interferiam com a sua capacidade de trabalho."


Abordagem multidisciplinar: a intervenção do médico de família

A médica recorda, na última edição do Jornal Médico, que a hipertensão arterial é uma patologia diariamente gerida pelos médicos de família no decurso da sua prática clínica, pelo que "seria lógico pensar que, por ser uma patologia tão frequentemente observada nos cuidados de saúde primários, a sua gestão fosse fácil e previsível".


Contudo, salienta que, mesmo situações aparentemente mais simples, "exigem uma abordagem multidisciplinar e uma gestão complexa, através de uma relação continuada ao longo do tempo, como é a do doente com o seu médico de família".


Joana Silva Monteiro salienta que, frequentemente, "o doente hipertenso apresenta comorbilidades, tal como diabetes, doença renal, patologia osteoarticular ou depressiva, que têm implicações na sua planificação terapêutica e no seguimento a longo-prazo".

Por outro lado, o doente observado na consulta "não é o doente dos ensaios clínicos e, frequentemente, não se enquadra nas normas de orientação clínica. É o doente com toda a sua história de vida, inserido numa comunidade, numa família, com todas as suas contingências sociais, culturais, com os seus valores e preferências".

Quanto à educação do doente, "visando uma maior compreensão sobre a sua doença e aumentando a sua literacia em saúde", refere que é uma intervenção fundamental, "mas também consumidora de tempo e impossível sem uma atitude flexível, disponível e empática por parte do clínico".

Joana Silva Monteiro conclui o raciocínio, afirmando que "compete ao médico de família uma verdadeira abordagem centrada no doente, abandonando o tradicional estilo paternalista na consulta, motivando o doente para a gestão mais eficaz da sua doença, respeitando a sua liberdade de escolha e utilizando da melhor forma os recursos disponíveis".




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