«A hipertensão não se combate apenas com medicamentos»
Ao intervir na Cerimónia de Abertura do 19.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, a diretora do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares (PNDCCV) deixou bem claro que “a prevenção é um pilar fundamental da luta contra a hipertensão”. Fátima Franco esteve presente em representação da diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado.
Sublinhando que a prevenção da HTA “deve começar antes mesmo do seu diagnóstico”, aquela responsável lembrou a importância da promoção de hábitos saudáveis; do incentivo
à atividade física regular; da monitorização da pressão arterial, “especialmente em grupos de risco”; da redução do stress, “um fator muitas vezes negligenciado”; e do combate ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool.
“Sabemos que a hipertensão é muitas vezes silenciosa, mas o seu impacto é devastador”, frisou Fátima Franco, que coordena a Unidade de Insuficiência Cardíaca Avançada do Serviço de Cardiologia da ULS de Coimbra desde que foi criada, há mais de 20 anos.
“A HTA é o principal fator de risco para o AVC, que apresenta elevada prevalência em Portugal”, recordou, referindo que “o declínio cognitivo e a demência vascular, cujo aumento tem sido exponencial numa população envelhecida como a portuguesa, tem também uma relação causal direta com a hipertensão”.
Fátima Franco
Citou também o estudo PORTHOS, “que mostrou elevada prevalência de insuficiência cardíaca, sobretudo com fração de ejeção preservada, e, mais uma vez, uma relação causal muito forte com fatores de risco vasculares não controlados, como a HTA”.
“A hipertensão não se combate apenas com medicamentos, mas também com um sistema de saúde bem organizado, onde a prevenção, o acesso e o acompanhamento contínuo do doente salvam vidas e previnem complicações”, assegurou a diretora do PNDCCV.
Rosa Maria de Pinho (presidente da SPH), Fernando Martos Gonçalves (presidente eleito da SPH) e Fátima Franco
Segundo Fátima Franco, “os CSP têm que estar preparados para identificar precocemente os pacientes de risco e o acesso a exames e medicamentos tem que ser facilitado, pois, sem isso, mesmo as melhores recomendações perdem o impacto”. Paralelamente, para prevenir a HTA e as suas complicações é indispensável que seja disponibilizada à população “informação clara e acessível”.
A integração de cuidados entre profissionais de diferentes áreas também é, no seu entender, indispensável: “Médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos devem atuar juntos para um cuidado mais eficaz no doente hipertenso e na estratificação do risco cardiovascular.”