A importância do médico de família compreender a «complexa rede de influências e interações em torno do doente»

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, as listas de 1900 utentes por médico de família são “completamente excessivas”, porque “não permitem que cada doente receba o tempo que merece e que é essencial para a boa qualidade de resultados em saúde”.

Aquele responsável falava à Just News à margem da conferência "A relação médico-doente, Património da Humanidade", que proferiu na sessão que assinalou o encerramento das comemorações dos 25 anos da Unidade Curricular de Medicina Geral e Familiar (MGF) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e que foi presidida pelo coordenador nesta unidade curricular, Hernâni Caniço.


A iniciativa decorreu no Café Santa Cruz, em Coimbra.

Segundo José Manuel Silva, também Regente da Unidade Curricular de MGF na FMUC, os doentes precisam de tempo dos médicos e, por sua vez, os médicos precisam de tempo para os doentes. “O tempo é fundamental para a criação da relação de confiança entre médico e doente e para a compreensão da génese das queixas e das necessidades quer dos doentes, quer das suas famílias, num ambiente complexo”, afirmou.

Além de ter de perceber o doente, o médico de família tem de compreender a doença, a forma como o doente lida com a mesma e toda a “complexa rede de influências e interações em torno do doente”.



“Hoje, está cientificamente estudado que a empatia da relação médico-doente melhora os resultados físicos e psicossociais da relação terapêutica e é um contributo para que as pessoas vivam numa sociedade saudável e, ao mesmo tempo, menos consumidora de cuidados de saúde”, frisou.

De acordo com o bastonário da OM, a despersonalização da sociedade e da saúde é hoje um grande desafio, sendo por isso importante que todos tenham essa consciência para que seja possível procurar mecanismos para combater este problema, que se reflete numa menor qualidade de prestação dos cuidados de saúde.

 




Encerramento das Comemorações dos 25 anos de Ensino da MGF na FMUC

A conferência proferida por José Manuel Silva foi a última iniciativa levada a cabo para comemorar os 25 anos da unidade curricular de MGF da FMUC, a segunda do país a introduzir uma cadeira de Medicina Geral e Familiar nos curricula.

Recordando a história do ensino de MGF na FMUC, Hernâni Caniço referiu que a Unidade Curricular de MGF da FMUC começou obviamente pela formação, “a principal obrigação de uma unidade curricular de uma universidade”, passando depois a contemplar a componente de investigação e, mais recentemente, ligou-se à comunidade.



O coordenador da Unidade Curricular de MGF da FMUC lembrou que a primeira iniciativa levada a cabo para assinalar os 25 anos desta unidade curricular teve lugar em março, no Seminário Maior de Coimbra, e foi um concerto de homenagem ao médico de família.

Depois, em abril, na Universidade de Coimbra, decorreu o IX Encontro Nacional de Escolas Médicas, ao qual se seguiu uma cerimónia de homenagem ao corpo docente fundador do ensino em MGF da FMUC/25 anos e um seminário intitulado “O cerne da questão – governação em saúde, ciências humanas e sociais”.

Finalmente, no Dia Mundial do Médico de Família (19 de maio), foi inaugurada uma escultura de homenagem ao médico de família, intitulada “P`la Esperança”, do médico e escultor Dimas Simas Lopes, localizada no Alto de São João, em Coimbra.


No final da sessão que decorreu no Café Santa Cruz foi entregue ao bastonário da Ordem dos Médicos uma lembrança. A caricatura enaltece o trabalho desenvolvido por José Manuel Silva em prol da saúde dos portugueses.




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