«A mulher na menopausa tem que sentir confiança para falar connosco»

Rita Marques Costa, especialista de Medicina Geral e Familiar na USF São João do Porto, defende que o próprio médico de família tem que ter noção de que a utente que se encontra à sua frente poderá estar a entrar na menopausa e deve questioná-la a esse respeito, procurando "eliminar qualquer constrangimento que ela possa sentir em abordar o assunto na consulta".

Em declarações à Just News, a médica, que é membro da Comissão Organizadora das Jornadas Multidisciplinares de Medicina Geral e Familiar desde a 1.ª edição, explica que, pela sua relevância do tema, temas ligados à Saúde da Mulher já foram, ao longo dos últimos anos, abordados várias vezes neste evento, sendo que Rita Costa tem sido uma das impulsionadoras disso mesmo.

Tem acabado, inclusive, por surgir envolvida na moderação das sessões dedicadas a esta área precisamente por ter um interesse especial na matéria. Reconhece nunca se ter sentido tentada a optar pela especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, desde logo pelo facto de a componente cirúrgica não a atrair, mas diz “adorar a temática”.

Como médica de família, aliás, é regularmente confrontada com questões do foro da Saúde da Mulher, das queixas ginecológicas ao acompanhamento da grávida, dando como exemplo a Consulta de Saúde Materna.


Rita Costa

Na edição deste ano das jornadas, que decorreram entre 20 e 22 de março e que contaram com mais de 3000 participantes, a menopausa foi um dos temas em debate numa das mesas-redondas, "já que é algo com o qual o especialista de MGF se vê permanentemente confrontado".

“Afinal de contas, todas as mulheres vão acabar por viver esse período da sua vida, geralmente entre os 45 e os 55 anos, e, efetivamente, muitas vezes apresentam queixas que afetam sobremaneira a sua qualidade de vida”, observa Rita Costa, prosseguindo:

“Nós, médicos de família, temos que estar, obviamente, preparados para responder a uma variedade enorme de questões relacionadas com a menopausa e a verdade é que, ocasionalmente, não estamos. Isso também sucede, em parte, por ter sido durante muito tempo um tema visto como ‘parente pobre’ da Ginecologia. Por outro lado, nós sentimos haver uma grande necessidade de atualização relativamente às novidades e soluções de todo o tipo que vão surgindo nesta área.”

Rita Costa considera que “o estigma que existe em relação à menopausa tem sido, de alguma forma, mitigado e o preconceito combatido, nomeadamente através da Comunicação Social”. No entanto, “deve ser nossa preocupação procurar eliminar qualquer constrangimento que a mulher possa sentir em abordar o assunto na consulta”.

Para a médica de família, não há qualquer dúvida de que “o impacto da menopausa pode ser grande na vida da mulher, tanto a curto como a longo prazo, seja a nível ósseo, em termos de saúde cardiovascular, no que respeita a alterações metabólicas, ou ao gerar ansiedade, por exemplo."

E acrescenta: "Também são significativos sintomas físicos como os calores, as perturbações do sono, as alterações vaginais ou as oscilações no peso, entre outros. Daí que seja muito importante que a mulher na menopausa sinta confiança para falar connosco e perceba que queremos ajudá-la no sentido de tornar mais fácil ultrapassar esta fase de transição na sua vida.”

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