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Novo ciclo de formação da Academia de Urologia, com «extensão a novas valências»

A Academia de Urologia prepara-se para retomar um novo ciclo de 4 anos, voltando a organizar, com as atualizações necessárias, os workshops já realizados anteriormente, agora com a participação de novos internos.

“Eu penso que é um sucesso porque os internos têm a possibilidade de ficar a saber o que pensam os urologistas mais velhos sobre aqueles assuntos que preparam de forma cientificamente mais capaz", explica o presidente da Associação Portuguesa de Urologia (APU), que tomou posse do cargo em novembro, na sequência da sua eleição no último congresso da especialidade.

Em declarações à Just News, Abranches Monteiro afirma que, "embora seja importante o ensino à distância, o estudo através dos livros, ou da internet, nada substitui o contacto humano".



Segundo o médico, "a Academia de Urologia é, obviamente, um fórum educativo, pedagógico, de informação científica e médica, mas também é um fórum de formação, para se aprender a ser urologista”.

Quando foi eleito presidente da APU, Abranches Monteiro tinha já sublinhado à Just News o empenho do novo Conselho Diretivo em focar-se muito na Academia de Urologia, “um projeto de sucesso reconhecido, que será mantido e fortalecido, com a sua extensão a novas valências”, acrescentando:

“As sociedades científicas existem para que os doentes sejam cada vez mais bem tratados e, para tal, é evidente que o grande veículo é a formação”. 

Urologistas "a lutar contra uma informática que não é médica"


Ao longo dos últimos 30 anos, a realidade mudou bastante nas unidades hospitalares do SNS. “Houve um esforço das várias tutelas para que os avanços tecnológicos não ficassem arredados dos hospitais públicos e, felizmente, não estão. Consegue-se encontrar a última tecnologia, que está assim disponível aos cidadãos”, reconhece Abranches Monteiro.

No entanto, nem tudo está bem, pois, “tenta-se aproveitar os profissionais ultradiferenciados, como os médicos, atribuindo-se-lhes funções que outras pessoas podiam desempenhar”.

Ora, “isto faz com que os urologistas pareçam insuficientes para o número de doentes que temos, quando, noutros países, o mesmo número de especialistas faz com que não existam listas de espera para consultas ou cirurgias”.



Abranches Monteiro sublinha que “trabalham é na sua atividade como urologistas, em vez de estarem ‘afogados’ em atividades não assistenciais, em tarefas burocráticas, a lutar contra uma informática que não é médica, mas sim puramente administrativa”. Assim, “bem podem vir o triplo dos especialistas que nunca serão suficientes, haverá sempre falta de médicos”.

A Urologia não é diferente das outras especialidades cirúrgicas no que respeita aos resultados esperados, que têm muito que ver com o número de casos que se executam.

Daí que Abranches Monteiro alinhe com quem defende a ideia de que “deveríamos era centralizar determinadas valências em certos hospitais, independentemente de serem centrais ou distritais”.

“É um contrassenso termos alguns especialistas a fazer muito poucos casos por mês, que seguramente não os farão tão bem como outros colegas que têm muitos mais casos”, afirma o nosso entrevistado, reclamando que deveria existir um mapa de referenciação.

Um futuro imprevisível

O presidente da APU considera que as coisas mudaram tanto na última década que “o futuro é completamente imprevisível”. E justifica: “Não podemos, de maneira alguma, pensar que os caminhos de uma especialidade vão, quase de certeza, num determinado sentido. Eu não faço a menor ideia do que vai ser a Urologia daqui a um ano. Nem cientificamente, nem na expressão assistencial. As cirurgias que faço neste momento não são as que aprendi quando era interno, nem sequer aquelas que ensinei aos internos há 10 anos. Mudou tudo.”

Abranches Monteiro lembra que “as especialidades médico-cirúrgicas, principalmente as que estão muito apoiadas na cirurgia de precisão, como a Urologia, estão bastante dependentes, quer no diagnóstico como na terapêutica, das evoluções tecnológicas, ou seja, da engenharia”.

“É dessa engenharia que vai depender a minha escolha para tratar ou diagnosticar isto ou aquilo nos próximos meses... E, como se sabe, todas as engenharias dão saltos que depois, secundariamente, conseguem modificar completamente outras áreas profissionais”, comenta.

Daí que a nova Direção da APU queira “apostar na elasticidade dos urologistas”, isto é, na sua capacidade de adaptação a uma realidade que evolui permanentemente. A mudança também se verifica a outro nível: “Hoje, as pessoas recorrem ao urologista não porque estão doentes, mas porque chegaram a uma idade em que sentem necessidade de se certificar que está tudo bem. Provavelmente, o homem urbano, mais informado, que representa uma faixa cada vez maior da nossa população, sabe e tem medos como qualquer um de nós.”


Elementos dos Corpos Gerentes da APU para o biénio 2017-2019 

Boas relações com outras especialidades


Em Portugal, as relações da Urologia com outras especialidades dificilmente poderiam ser melhores, ao contrário do que sucede noutros países. Abranches Monteiro lembra, por exemplo, o que se passa com as doenças do pavimento pélvico feminino: “Observamos incontinências urinárias em conjunto com a Ginecologia, tratamo-las a par muitas vezes, fazemos cirurgias juntos...”

“Por exempo, em matéria de oncologia urológica, a especialidade que intervém é a Oncologia Médica, mas que tem uma relação crescente com a Urologia, porque subitamente começou a haver medicamentos de quimioterapia para tumores urológicos que não existiam há 20 anos”, refere o médico, acrescentando:

“A Urologia continua a tratar muito as disfunções sexuais. Umas são claramente urológicas, mas também não são alheias às disfunções psíquicas e, por isso mesmo, a sexologia e a psicologia são parceiras muito próximas da Andrologia, que é uma subespecialidade da Urologia.”

Na verdade, há até entidades que congregam diferentes especialidades, como é o caso da Associação Portuguesa de Uroginecologia (APNUG), a que, aliás, Abranches Monteiro presidiu até há poucos dias. “É um prazer assistir àqueles congressos em que as pessoas de diferentes especialidades se juntam à volta de uma mesa a debater assuntos comuns. É notável, por exemplo, ver os sexólogos, os psicólogos e os urologistas a discutir temáticas comuns”, afirma.



A notícia pode ser lida no Hospital Público de dezembro.

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