Boas práticas em administração hospitalar: Dora Gonçalves Melo vence Prémio Prof. Coriolano Ferreira
Dora Gonçalves Melo, administradora hospitalar no Centro Hospitalar Universitário do Algarve, foi a vencedora do Prémio Prof. Coriolano Ferreira. A iniciativa conjunta da APAH e da Escola Nacional de Saúde Pública-NOVA (ENSP) distingue, anualmente, o melhor aluno do Curso de Especialização em Administração Hospitalar (CEAH) da ENSP.
A distinção tem o objetivo de homenagear o Prof. Coriolano Ferreira e promover a partilha de boas práticas na área, ao "dinamizar a investigação em administração hospitalar". O prémio foi entregue no último dia da 8.ª Conferência de Valor da APAH, que decorreu entre 19 e 23 de outubro, com uma participação maioritariamente online.
Dora Gonçalves Melo
Tendo começado por realçar “a excelência dos professores”, Dora Gonçalves Melo dissertou algumas palavras sobre a temática do evento “Inovar e Liderar na Incerteza”, como mote para falar sobre o que aprendeu no curso.
A galardoada começou por frisar que o setor da Saúde apresenta “um elevado grau de complexidade e incerteza, dependendo de fatores biológicos, socioeconómicos e ambientais”, obrigando os administradores hospitalares a enfrentarem “desafios e experiências que nem sempre são lineares”, como acontece atualmente com esta pandemia.
Mencionou ainda que a atual crise sanitária tem demonstrado que “a Saúde Pública depende fundamentalmente da capacidade de resposta do sistema de saúde”, tendo o inesperado “um forte impacto” na gestão. A solução passa, sobretudo, na sua opinião, “por uma constante aprendizagem, devendo aliar-se a uma postura de total abertura face ao imprevisível, atualizando sempre conhecimentos”.
Como acrescentou ainda: “O administrador hospitalar deve agir de forma resiliente, ponderada, pensada e clara.”
Quanto ao curso, sublinhou que “é e será indubitavelmente determinante e obrigatório para quem queira enveredar pela carreira de administrador hospitalar”.
Alexandre Lourenço, Dora Melo, Carla Nunes e Filomena dos Santos (IQVia)
O Prémio da APAH conta com o apoio da IQVia e IASIST, e foi entregue por Carla Nunes, diretora da ENSP. O prémio Coriolano Ferreira consiste no apoio à apresentação, durante uma conferência internacional, de um trabalho realizado no âmbito do curso (num valor máximo de 2500€ por ano) e é entregue anualmente ao aluno do CEAH com melhor nota final.
No último dia da Conferência houve mais momentos de destaque, como o lançamento do livro “Um Olhar sobre a Evolução da Gestão Hospitalar em Portugal”, de José Nogueira da Rocha, administrador hospitalar de renome e professor da ENSP.
José Nogueira da Rocha
Foi também relembrado o nome de Eduardo Sá Ferreira, fundador da APAH, que faleceu recentemente, ao dedicar-se a última edição da revista “Gestão Hospitalar” ao que Alexandre Lourenço, presidente da APAH, considerou ser “um administrador hospitalar maior”. Presente, online, esteve a filha Eduarda Sá Ferreira.
Mais de 900 inscritos: “Foram dias muito preenchidos”
Na sessão de encerramento, a presidente da Conferência, Paula de Sousa apontou os vários momentos do evento, concluindo que foi um exemplo de partilha de boas práticas interpares e de “audácia, de quem não desiste do SNS”.
Alexandre Lourenço, por sua vez, realçou a “competência técnica” da anfitriã e “a participação ativa” dos mais de 900 inscritos. “Foram dias muito preenchidos, o que demonstra o compromisso da APAH na formação contínua de quem exerce funções de gestão e na luta pela revisão e reativação da carreira de administrador hospitalar”, frisou.
"Trabalhar em rede e alargar a nossa visão"
A ministra da Saúde e ex-presidente da associação, também marcou presença numa sessão por videoconferência. A responsável destacou a transformação digital no setor da Saúde no apoio à decisão clínica e organizacional, assim como na simplificação de processos e qualificação do acesso.
Como exemplo dessa realidade indicou o recente reforço do Centro de Contacto SNS 24 com a implementação de um sistema de atendimento automático, mas não só. Sublinhou também a importância da criação de um algoritmo de triagem específico para despiste de situações compatíveis com a covid-19 e o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para trabalho remoto de psicólogos e enfermeiros.
A nova Rede Informática na Saúde e a plataforma RSE Live para teleconsulta foram referidas. A ministra reconheceu que o atual “exigente período” permitiu ao SNS “aprender, mais do que nunca, a trabalhar em rede e a alargar a nossa visão”.