Apostar na reabilitação é «investir na sustentabilidade do Sistema de Saúde»

Perante uma plateia de centenas de profissionais especialistas na área, António Gandra d’Almeida afirmou que “o futuro da Enfermagem de Reabilitação deve ser um pilar central do SNS, que queremos e estamos a construir”.

O então diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde foi convidado a proferir a conferência inaugural e a presidir à mesa da sessão de abertura do Congresso Internacional de Enfermagem de Reabilitação (CIER’24), que decorreu no início de dezembro, em Espinho, tendo-lhe sido proposto abordar o tema “Recursos Humanos na Saúde, uma prioridade”.



Na sua intervenção, António Gandra d’Almeida lembrou que os mais de 50 mil enfermeiros representam a maior classe profissional no SNS, “responsável por garantir cuidados de saúde em todos os momentos da vida das pessoas”. Destacou também as mais de 7 mil contratações feitas desde 2019 e não deixou de frisar que “o SNS é mais forte graças ao trabalho incansável dos seus enfermeiros”.

Mas foi pouco depois, já na sessão de abertura do CIER’24, que aquele responsável se dirigiu especificamente à “plateia de profissionais que diariamente se dedicam à nobre missão de devolver funcionalidade, independência e qualidade de vida às pessoas”.

António Gandra d’Almeida afirmou que “o SNS reconhece que investir na reabilitação é investir na dignidade humana, na funcionalidade das pessoas e, ao mesmo tempo, na sustentabilidade do Sistema de Saúde”. Disse mesmo que se pretende fazer da Enfermagem de Reabilitação (ER) “um pilar central do SNS”.


António Gandra d’Almeida

Apresentou depois três áreas em que, garantiu, “estamos a concentrar os nossos esforços”, a primeira das quais referiu ser a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, com a inclusão de enfermeiros especialistas em ER nas equipas. “Isso tem permitido obter ganhos significativos na recuperação de doentes após eventos, como AVC, fraturas do colo do fémur e ouras condições que limitam a sua autonomia”.

Reconhecendo que os cuidados de proximidade “são fundamentais para assegurar que a reabilitação não termina no hospital”, o diretor executivo do SNS afirmou: “O reforço das Unidades de Cuidados na Comunidade e das equipas domiciliárias é um passo essencial para que os enfermeiros de Reabilitação possam acompanhar os doentes no regresso às suas vidas e à sua autonomia. Temos de criar pontes entre os cuidados de saúde primários e os hospitalares para garantir um seguimento contínuo e coordenado, assumindo aí as ULS um papel fundamental.”



Promover a inovação e a formação contínua

O responsável referiu-se então à necessidade de promover a inovação e a formação contínua. Disse que “a incorporação de tecnologias como a telessaúde, a robótica e dispositivos de assistência está a transformar a forma como a reabilitação é feita”, mas sublinhou que “estas ferramentas só terão impacto real se forem acompanhadas de formação adequada e contínua dos profissionais”.

Ciente de que “a Enfermagem de Reabilitação vai muito para além do indivíduo”, pois, “com uma abordagem eficaz, reduz os internamentos, previne complicações, promove a reintegração social e profissional dos doentes e reduz os custos globais para o SNS e para o Sistema de Saúde”, assegurou: “No SNS, queremos continuar a valorizar esta especialidade, tanto do ponto de vista técnico como humano.”

“O Plano Estratégico da Direção Executiva reforça o compromisso de aumentar o número de enfermeiros especialistas em Reabilitação, de lhes dar condições de trabalho adequadas e de promover a investigação e a inovação nesta área”, salientou, para concluir:

“Deixo o compromisso de que continuaremos a trabalhar lado-a-lado com a ER para construir um SNS mais humano, mais funcional e mais preparado para responder aos desafios do futuro.”


Belmiro Rocha e António Gandra d’Almeida

Que os enfermeiros de Reabilitação “sejam, efetivamente, aproveitados”

Valter Amorim, presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros, foi outro dos oradores na sessão de abertura do CIER’24. Também se referiu ao futuro, que “só poderá ser melhor se todos nos envolvermos naquilo que é, de facto, a profissão, se cada um de nós assumir fazer a diferença, todos os dias, no seu contexto”.

Considerando que o enfermeiro especialista em ER “é transversal a todos os contextos, sendo fundamental que exista”, Valter Amorim dirigiu-se diretamente ao diretor executivo do SNS, pedindo-lhe que diligencie junto do Governo para que os enfermeiros de Reabilitação “sejam, efetivamente, aproveitados”.

“Nós já temos bastante mais de 5000 colegas com esta especialidade, embora nem todos reconhecidos na sua carreira. E estão disponíveis para fazerem o melhor possível aquilo que, efetivamente, faz a diferença na vida das pessoas, intervindo para que estas tenham uma melhor qualidade de vida, obtendo-se assim ganhos em saúde indiscutíveis”, afirmou.

Dário Silva, Belmiro Rocha, António Gandra d’Almeida, Valter Amorim, Maria Manuel Cruz e Jorge Gouveia

O painel da sessão de abertura do CIER’24 incluiu ainda Jorge Gouveia, representando a Confederação Nacional de Organizações de Pessoas com Deficiência, Maria Manuela Cruz, presidente da Câmara Municipal de Espinho, e Dário Silva, vereador da área da Saúde da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, para além do próprio presidente da Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Reabilitação (APER), Belmiro Rocha.

 

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