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Aprendizagem de «técnicas ecoguiadas em patologia musculosquelética no cadáver»

O Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) realiza, nos dias 22 e 23 de junho, o Curso Teórico-Prático de Técnicas Ecoguiadas em Patologia Musculosquelética no Cadáver. O objetivo é, segundo João Paulo Castro, presidente da Comissão Organizadora, “dotar os clínicos que lidam diariamente com este tipo de patologia de uma arma terapêutica que permita tratar com maior segurança e sucesso terapêutico”.

Em entrevista, o assistente convidado de Anatomia  e Neuroanatomia do Departamento de Anatomia da FMUP, cuja coordenação está a cargo de Maria Dulce Madeira, destaca que "este é o primeiro curso teórico-prático em Portugal a utilizar cadáveres completos para a aprendizagem de técnicas ecoguiadas".



“A ideia de realizar este curso surgiu já há algum tempo, foi amadurecendo e foi agora possível concretizá-lo com a colaboração e disponibilidade de um grupo de colegas e formadores na sua grande maioria da especialidade de Medicina Física e de Reabilitação (MFR), mas também de Radiologia e Ortopedia, de vários hospitais do país, essencialmente da região Norte”, conta o interno de MFR do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

O curso, limitado a 24 participantes, destina-se aos médicos de todas as especialidades, os quais pela sua prática clínica diária tenham interesse em diferenciar-se nesta área em rápida expansão.

Os dois dias da ação formativa iniciam-se com sessões teóricas dedicadas aos vários segmentos articulares do esqueleto apendicular. Segue-se a vertente prática (no primeiro dia em membro superior no cadáver e, no segundo, em membro inferior).

A parte teórica está organizada de acordo com os pilares fundamentais à realização de um curso desta natureza. “Foi dado destaque à revisão anatómica de cada segmento articular, seguida pela respetiva correlação anátomo-clínico-ecográfica, de modo a obtermos uma translação entre a anatomia enquanto ciência básica e o que depois são os cuidados prestados em termos de técnica e de prática clínica”, explica.


João Paulo Castro com Tiago Rodrigues Lopes, também membro da Comissão Organizadora

Com a parte prática pretende-se, segundo João Paulo Castro “dotar os formandos de capacidades para realizar procedimentos ecoguiados autonomamente no seu próprio consultório”.

“Há uma diversidade enorme de patologias do foro musculoesquelético a chegar à nossa consulta”, refere, desenvolvendo que, por vezes, o tratamento conservador não é suficientemente célere ou eficaz a tratar essas patologias.

A parte teórica do curso terá lugar na sala 4 do Edifício do Centro de Investigação Médica, enquanto a parte prática decorrerá nas instalações do Departamento de Anatomia (conhecido por Teatro Anatómico).



Interesse pelas técnicas ecoguiadas tem vindo a aumentar em Portugal

Tiago Rodrigues Lopes, membro da Comissão Organizadora, sublinha que, neste curso, a correlação anátomo-clínico-ecográfica é importante no sentido de “dotar os formandos de conhecimentos científico-técnicos fundamentais na abordagem intervencionista minimamente invasiva de diversas patologias do foro musculoesquelético”.

Segundo refere o interno de MFR do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, o interesse pelas técnicas ecoguiadas em patologia musculoesquelética tem vindo a aumentar nos últimos anos em Portugal e está relacionado com a vontade e a exigência que existe atualmente em prestar cuidados de saúde mais diferenciados e com maior sucesso terapêutico aos doentes.



“Até há relativamente pouco tempo, era senso comum que as infiltrações articulares e peri-articulares eram uma arma terapêutica restrita a algumas especialidades médicas e que eram frequentemente dolorosas e até ineficazes numa percentagem considerável de doentes”, diz Tiago Rodrigues Lopes, prosseguindo:

“A vantagem da utilização da ecografia na realização de diversos procedimentos ecográficos em patologia musculoesquelética prende-se com o facto de conseguirmos aumentar a percentagem de sucesso da nossa intervenção terapêutica, pois permite visualizar em tempo real a estrutura a injetar, bem como uma maior segurança, dado que possibilita diminuir ao máximo a ocorrência de potenciais complicações decorrentes deste tipo de técnicas, que não são desprezíveis”.

Viscossuplementação com ácido hialurónico pode ser realizada com apoio ecográfico

A viscossuplementação com ácido hialurónico será um dos temas do curso. De acordo com João Paulo Castro, “este é um dos vários procedimentos que podem ser realizados com apoio ecográfico”.

“Vários estudos apontam para que este procedimento melhore o controlo da dor e atenue a evolução do desgaste articular associado à osteoartose”, refere, salientando:
“A inclusão desta temática no programa do curso é basilar, se tivermos em consideração o potencial condroprotetor da viscossuplementação, mas também para recordar os formandos das indicações, bem como dos resultados esperados da sua utilização.”

Segundo João Paulo Castro, o progresso científico tem beneficiado a medicina com armas terapêuticas para o tratamento da dor e prevenção do desgaste articular, progressivamente mais eficazes e menos invasivas, as quais, para o bem dos doentes, não podem ser obviadas.


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