Apresentação de livro sobre a vida de Gentil Martins marcou sessão de homenagem ao médico

A cerimónia, que decorreu no Grémio Literário, em Lisboa, incluiu a apresentação de dois livros que mostram o notável percurso do especialista em Cirurgia Pediátrica, Oncologia Pediátrica e Cirurgia Plástica e Reconstrutiva e também a sua dedicação ao trabalho, à medicina e à causa pública do médico.

A primeira obra, António Gentil Martins: uma vida, muitas vidas, da autoria de Ana Sofia Lopes, foi apresentada pela ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, que destacou a “dedicação exemplar ao bem comum” e a “promoção do diálogo e construção de pontes” de Gentil Martins.

A ministra salientou que a obra capta “a essência de um homem que viveu e vive de acordo com valores elevados: a dedicação, a integridade, a coragem e o sentido de responsabilidade, valores que sempre pautaram as suas ações e decisões”.

“É esta força interior, esta determinação perante os desafios que faz de António Gentil Martins uma figura incontornável da sociedade portuguesa”, garantiu, lembrando:

“Não estamos apenas a honrar o seu percurso extraordinário, estamos também a transmitir às novas gerações, como é intenção da autora, uma mensagem importante sobre o tipo de cidadãos e profissionais que podem e devem aspirar a ser.”

“O livro mostra-nos que é possível construir uma vida com sentido, baseada no esforço diário, no estudo, no empenho e na dedicação a algo que acreditamos valer a pena”, disse Margarida Balseiro Lopes. E não deixou de salientar que a “literacia cívica se constrói com exemplos e não apenas com discursos, com teorias ou com normas” e que os “jovens aprendem com pessoas reais, com vidas concretas, com pessoas que pelo seu percurso mostram que vale a pena ter princípios, assumir responsabilidades e contribuir para o bem comum”.



“O livro não pede perfeição, pede coragem”

Por seu lado, a autora de António Gentil Martins: uma vida, muitas vidas defendeu que a obra “é um ato de gratidão e uma convocação à consciência. Que há vidas que não se contam, impõem-se. Vidas escritas com coragem, com clareza de missão, com sentido de dever”.

Para Ana Sofia Lopes, “o nome António Gentil Martins não pertence apenas à história da Medicina, pertence à consciência coletiva de uma nação, que ao reconhecê-lo se encontra com o que tem de melhor”.

Daí que o livro tenha nascido “de um desejo claro, escrever aos jovens sobre a cidadania”, mas sem querer “transmitir conceitos abstratos”, antes “falar de vidas concretas, sobre a força dos exemplos que temos”.

A autora, que é médica dentista, diz que o “livro fala a todos, mas é aos jovens que lança o apelo mais urgente. É neles que reside a esperança e é a eles que se exige mais. Porque é possível viver com os valores corretos, é possível recusar atalhos e ruídos.

É possível ser inteiro num mundo  que tantas vezes vive pela metade. É possível ser justo, mesmo quando custa. Mesmo quando ninguém vê. Mesmo quando o silêncio é a única testemunha”.

E destaca: “O livro não pede perfeição, pede coragem. E lembra com firmeza: a integridade ainda é, e será sempre, a forma mais alta de liberdade.”

Para Ana Sofia Lopes, que é autora de várias obras infantis com intuito filantrópico, defensora da saúde oral e empenhada em múltiplas causas de cidadania, o livro que escreveu é dedicado ao humanismo de uma pessoa singular, pioneira e comprometida em absoluto com a ciência e a dignidade.

De referir que as receitas obtidas com a sua venda reverterão para a CAVITOP – Centro de Apoio a Vítimas Tortura Portugal, uma IPSS que tem como principal objetivo, através da sua rede de voluntários, apoiar as vítimas de tortura, ideológica ou política.

“É fundamental termos, sobretudo, vocação” 

Aos 94 anos, e apesar de um acidente o ter impedido de marcar presença física na cerimónia, António Gentil Martins participou de forma remota na sessão para partilhar as suas reflexões em torno destas duas obras, da sua vivência e daquilo que o inspira a continuar a trabalhar.

Começou, aliás, por lembrar que o livro The treatment of Hypospadias nasce de um trabalho “que achava que estava bom, mas era grande demais. Mandei para várias revistas que me diziam assim: com tantas palavras, só para um livro”.

“E de repente veio-me um milagre. Foi aparecer a Ana Sofia Lopes e o Renato Epifânio, que se disponibilizaram para publicar este livro. E a verdade é que, se não fossem eles, este livro não sairia”, recordou o médico, acrescentando:

“E, assim, eu espero que eu possa servir para alguma coisa, porque tentei comparar as minhas técnicas, aquilo que usava na minha prática diária com aquilo que internacionalmente eram os métodos mais respeitados, mais considerados.”

Gentil Martins considerou ainda “ser fundamental nós, em Medicina, termos sobretudo vocação”. E frisou: ”Ou nós temos vocação e estamos dispostos a um certo sacrifício pelos outros ou, então, de facto, é melhor escolhermos outra profissão”.

A sessão acabou por ser, afinal, um momento especial de celebração e homenagem a Gentil Martins, que nas palavras de Renato Epifânio, presidente do Movimento Internacional Lusófono, “é uma grande referência no plano cívico”, com uma “carreira extraordinária” construída com “humildade, convicção e coragem”.

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