Apresentação do Plano Hospitalar para Idosos - prevenir o delirium e o imobilismo hospitalares
Foi apresentado esta terça-feira, durante o Congresso Nacional de Medicina Interna, o livro Plano Hospitalar para Idosos. Este projeto arrancou em 2018 por iniciativa de João Gorjão Clara, coordenador do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna até outubro de 2021, com vista à criação de um plano de atuação para o delirium e o imobilismo hospitalares.
A apresentação durante o congresso ficou a cargo de Pedro Madeira Marques, internista do Hospital de Vila Franca de Xira e um dos coautores.
Pedro Madeira Marques
“O delirium e o imobilismo são duas entidades clínicas muito prevalentes na população hospitalar, frequentemente não identificados, preveníveis em grande parte e, se não forem abordados, poderão resultar no aumento da morbilidade e da mortalidade a médio/longo prazo”, começa por referir Pedro Madeira Marques, em declarações à Just News.
Avançando com alguns dados, fala numa prevalência que se situa entre 50-90% e na possibilidade de prevenção em 30% dos casos.
Respondendo à ideia lançada por João Gorjão Clara, Pedro Madeira Marques, Magda Sofia Silva, internista do CH Barreiro Montijo, Ana Rita Lambelho, interna de MI do HVFX, Beatriz Bartissol, nutricionista do HVFX, e o próprio Gorjão Clara, autores do livro, recorreram a bibliografia nacional e internacional para desenvolver um programa de prevenção e abordagem do delirium e do imobilismo, adaptado à realidade e às limitações dos hospitais portugueses.
Pedro Madeira Marques e Magda Sofia Silva
Contaram, para tal, com a colaboração de outros profissionais, como fisioterapeutas, enfermeiros especialistas em Reabilitação e terapeutas da fala.
O livro está estruturado em cinco secções principais, que tratam:
• A abordagem dos fatores de risco para delirium e imobilismo, “que são múltiplos e variados, desde a desnutrição à dor, passando por situações como a utilização não criteriosa de cateteres endovenosos e vesicais, polifarmácia, desidratação, retenção urinária e obstipação;
• A reorganização da equipa multidisciplinar intra-hospitalar, “focando a sua atuação para as necessidades do idoso”;
• A reorganização e adaptação do ambiente hospitalar, “procurando criar um hospital mais amigo do doente idoso”;
• A reestruturação do design e da arquitetura hospitalares, “de acordo com as regras que foram estabelecidas através de estudos nesta área e que começam a ser implementadas na Europa”;
• Os 13 protocolos de atuação nos diferentes fatores de risco e na disfagia, “que está muito frequentemente associada ao delirium e que causa significativa mortalidade e morbilidade”.
Dadas as diferentes abordagens e limitações de cada hospital, “os protocolos são plásticos, com o objetivo de serem adaptados e modificados consoante as características particulares das instituições onde são implementados”.
Apesar de ter sido desenhado primariamente para os hospitais – onde se incluem não só médicos, mas também vários profissionais de saúde como enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas da fala e até os próprios administradores hospitalares −, os autores acreditam que poderá ser facilmente adaptado para qualquer instituição que preste cuidados a idosos, como a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e as Estruturas Residenciais para Idosos.
Neste livro, são abordadas temáticas como os princípios da correta comunicação com o idoso, as vantagens e desvantagens da utilização de hipodermóclise e as contraindicações para o levante diário.
Foi ainda desenvolvida uma secção online com vários anexos, entre eles um programa para a formação de profissionais de saúde nesta área, “estratégia já documentada como essencial para a correta implementação deste tipo de planos por todos os profissionais”. Este programa foi desenhado com o objetivo de ser apresentado em formato powerpoint às equipas multidisciplinares de forma rápida e concisa.