Apresentação dos resultados do projeto "Cirurgia Segura Salva Vidas"
No âmbito da adesão de Portugal, em 2009, ao 2º desafio denominado “Safe Surgery Saves Lives”, lançado pela World Alliance for Patient Safety, tem vindo a ser implementado o projeto "Cirurgia Segura Salva Vidas", o qual está englobado na Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde.
A apresentação dos resultados do projeto "Cirurgia Segura Salva Vidas" terá lugar no Centro de Congressos do Estoril, dia 29 de março, pelas 14h30, no último dia do XVI Congresso Nacional da Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP).
Esta apresentação será realizada pelo enfermeiro Manuel Valente, vice-presidente da AESOP e coordenador nacional do projeto, que irá abordar, nomeadamente, a forma como decorreu a implementação ao nível nacional, o impacto nos comportamentos dos profissionais e constrangimentos verificados.
18% das infeções hospitalares ocorrem durante as cirurgias
Os doentes que contraem uma Infeção do Local Cirúrgico (ILC) têm 60% maior probabilidade de necessitar de cuidados intensivos, cinco vezes maior probabilidade de serem reinternados e duas vezes maior probabilidade de morte.
De acordo com os últimos Estudos Nacionais de Prevalência de Infecção, a infeção do local cirúrgico é a 3ª infecção associada aos cuidados de saúde mais frequente. Esta, está ligada a alta morbilidade, mortalidade e elevados custos.
Elena Noriega, enfermeira consultora da AESOP, explica que “a infeção do local cirúrgico é uma das mais evitáveis. Os riscos podem ser minimizados com a adopção de boas práticas durante o período perioperatório nomeadamente através de:
• Preparação pré-cirúrgica das mãos da equipa cirúrgica, preferencialmente com uma solução à base de álcool;
• Interdição de unhas artificiais, verniz ou outros adornos por parte de todos os profissionais de saúde que prestam cuidados diretamente aos doentes;
• Maior adequação da utilização de antibióticos (o uso excessivo, subutilização, tempo inadequado e desadequada utilização de antibióticos ocorre em 25% -50% das operações);
• Vigilância Epidemiológica (VE) e a divulgação de resultados à equipa cirúrgica. Em vários países europeus foi demostrado que esta medida reduz entre 25% a 74% a Infeção do Local Cirúrgico."
Em Portugal, existe um programa de VE em rede Europeia mas, segundo o relatório de Vigilância das infecções do local cirúrgico publicado pela DGS, a adesão dos hospitais ainda é muito baixa.
O projeto “Cirurgia Segura, Salva Vidas” e as orientações do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA) vêm reforçar a obrigatoriedade por parte dos serviços cirúrgicos de fazerem a Vigilância Epidemiológica da Infeção do Local Cirúrgico.
“Por todas estas razões torna-se um imperativo ético divulgar as normas de boas práticas, verificar se são cumpridas, implementar medidas preventivas e adoptar as boas práticas salvaguardando assim a segurança e o cuidado aos doentes”, finaliza Elena Noriega.