ARSLVT quer «apostar cada vez mais» nas equipas domiciliárias de cuidados continuados integrados
A interligação entre cuidados de saúde primários e hospitalares merece particular atenção por parte da presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Rosa Valente de Matos.
Em entrevista à Just News, a responsável salienta que, "pela primeira vez, em 2016, o processo de contratualização nesta ARS foi feito em conjunto com os hospitais e centros de saúde, tendo sido contratualizados objetivos comuns, como, por exemplo: a taxa de internamentos de doenças cerebrovasculares entre residentes com menos de 65 anos, ou a proporção de recém-nascidos de termo de baixo peso, entre outros."
Na sua opinião, "a articulação é um processo muito concreto e real que está nas mãos de cada um dos trabalhadores dos serviços. Faz-se todos os dias com pequenos gestos e passos, às vezes, muito simples e banais."
E acrescenta: "Não se faz com discursos, nem com leis, nem com as boas intenções da presidente da ARS, cujo papel é apoiar ativamente e desenvolver todos os projetos neste domínio, com a convicção de que a articulação poupa recursos, poupa tempo e traz melhorias reais à vida dos doentes e das famílias."
Evitar regressos desnecessários ao hospital
Rosa Valente de Matos destaca o facto de que "vários ACES já têm rotinados planos de articulação, como, por exemplo, o apoio a utentes que são sujeitos a intervenções cirúrgicas nos hospitais: há enfermeiros que ficam encarregues de preparar a alta e tudo o que isso implica (avaliar a necessidade de reabilitação no domicílio, medicamentos, tipo de acompanhamento, etc.)."
Assim, esta realidade permite "não só prestar melhores cuidados de saúde ao doente, como evita regressos desnecessários ao hospital ou mesmo ao serviço de urgência". Agora, o desafio seguinte é "trazer, pela primeira vez, à mesa do processo contratual os estabelecimentos".
Apoiar a permanência dos doentes na sua residência
Entre outros temas desenvolvidos na entrevista, publicada na recente edição do Jornal Médico, Rosa Valente de Matos afirma que a "rede de cuidados continuados não pode ser vista como uma espécie de Deus menor na constelação de serviços que prestamos".
Considera que a realidade demográfica e, "mais importante, as necessidades das famílias e a solidão das pessoas dão a esta rede uma acuidade e uma importância que a tornam numa preocupação fundamental de quem gere os cuidados de saúde".
Nesse sentido, anuncia o desejo da ARSLVT "apostar cada vez mais nas equipas domiciliárias de cuidados continuados integrados, para permitir que, sempre que possível, os doentes permaneçam na sua residência, com o envolvimento de outros parceiros sociais, tais como as autarquias e as IPSS".
A região de Lisboa e Vale do Tejo dispõe, atualmente, de 60 equipas de cuidados domiciliários, "número este que pretendemos aumentar".
Mais camas disponíveis, mas em número "ainda insuficiente"
Relativamente ao número de camas em unidades de cuidados continuados desta região, estavam em 2015 contratualizadas 2020 camas e, até ao final de 2016, passaram a estar disponíveis 2113 camas. Para 2017, estão previstas mais 238 novas camas.
"Reconhecemos que este número de camas é ainda insuficiente, estando a ser desenvolvidos esforços no sentido de aumentar esta oferta", afirma Rosa Valente de Matos .
Saúde mental
No que diz respeito aos cuidados de saúde mental, questionada sobre o que está a ser feito para que estes utentes tenham acesso a cuidados continuados e integrados, explica tratar-se de uma área "onde estamos a trabalhar em conjunto com o coordenador nacional" e adianta:
Está prevista para breve a entrada em funcionamento de unidades e equipas de cuidados continuados integrados de saúde mental (unidades residenciais, unidades sócio-ocupacionais e equipas de apoio domiciliário), em articulação com os serviços locais de Saúde Mental e com a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, sendo que a região de Lisboa e Vale do Tejo irá dispor, nesta fase inicial, de 116 lugares."
Novas USF em 2017
Sobre a abertura de novas USF em 2017, é recordado primeiro que "temos, neste momento, um total de 146 USF, 83 em modelo A e 63 em modelo B". Para o próximo ano, na região de Lisboa e Vale do Tejo, "está prevista a abertura de 10 USF modelo A e a transição de 8 USF para modelo B".
A entrevista completa pode ser lida na edição de janeiro do Jornal Médico.