«Articulação da Hospitalização Domiciliária com os Cuidados de Saúde Primários é ainda vestigial»

A 5.ª edição do Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária, que se realiza nos dias 19 e 20 de setembro, fica marcada "pelos dez anos desde a admissão do primeiro doente em regime de Hospitalização Domiciliária em Portugal", salienta Nuno Bernardino Vieira, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

O médico lembra que, desde então, "já cerca de 60 mil doentes em todo o país tiveram acesso a esta modalidade assistencial. E destaca o "crescimento exponencial, que provavelmente não encontra comparação na história do Sistema Nacional de Saúde português". Uma valência que chega já hoje "a todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde que contam com equipas dedicadas a este modelo de cuidados, e inclusivamente já com existência de unidades de hospitalização domiciliária em hospitais privados portugueses".



Uma articulação que "é ainda vestigial"

De acordo com Nuno Bernardino Vieira, uma das áreas que a SPMI identificou como sendo "uma área de melhoria a investir é precisamente a articulação da HD com os Cuidados de Saúde Primários (CSP), que na grande maioria das ULS portuguesas é ainda vestigial".

E explica que é precisamente por esse motivo que surgiu a escolha do tema para a conferência de abertura do congresso: "Aproximação da Hospitalização Domiciliária aos Cuidados de Saúde Primários - Da referenciação à alta na integração de cuidados".


Nuno Bernardino Vieira

Para esta intervenção foi convidada Raquel Chantre, vice-presidente da direção da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o intuito de "partilhar a visão dos administradores hospitalares acerca da importância desta aproximação e da forma como esta deve ser conseguida, garantindo uma maior eficiência dos cuidados prestados a todos os utentes que são hospitalizados em casa".

Segundo Nuno Bernardino Vieira, quando se pensa no modelo no qual o SNS se encontra atualmente organizado, "assente em ULS que cobrem todo o território, o segredo para o sucesso terá que passar obrigatoriamente pela coordenação e integração de cuidados nos diferentes níveis de complexidade de serviços de saúde que são prestados à comunidade".

E acrescenta: "Pelo seu cerne híbrido de levar o hospital até à casa de quem dele necessita, sendo um pilar na tão falada necessidade de ambulatorização de cuidados, a HD encerra em si esta urgência de coordenação e integração com os CSP."

"O percurso comum que queremos trilhar”

O Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária, que decorrerá no Hotel Vila Galé Lagos, é organizado pelo Núcleo de Estudos de Hospitalização Domiciliária (NEHospDom) da SPMI, coordenado por Olga Gonçalves.

A médica destaca também os dez anos desde a admissão do primeiro doente, considerando que agora "é tempo de discutir e planear o percurso comum que queremos trilhar”.


Olga Gonçalves

E adianta que alguns dos principais objetivos do evento passam por "criar espaços de partilha em que se reveja a ação desenvolvida, tanto a nível nacional como pelas diferentes UHD", incentivar a atividade científica, questionar como inovar "sem descaracterizar a hospitalização domiciliária".

E procurar concretizar um propósito muito claro, conforme refere Olga Gonçalves: "Possibilitar que se definam os caminhos de melhor e mais precoce referenciação dos doentes às Equipas HD, do seu melhor cuidado e tratamento, e de uma efetiva interação com os colegas dos Cuidados de Saúde Primários."


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