«As úlceras de perna são como corujas: sombrias, silenciosas e noturnas»
A úlcera de perna venosa (UPV) representa uma das principais manifestações da insuficiência venosa crónica (IVC), sendo responsável por cerca de 75%-80% das úlceras de perna nos membros inferiores. Qualquer ferida na perna com sinais de IVC e pulsos presentes deve ser tratada como uma úlcera venosa a partir do primeiro dia.
Tal como as corujas, as úlceras de perna têm hábitos noturnos: enquanto o corpo repousa, elas continuam ativas, silenciosas e persistentes. As UPV não respeitam o descanso – e quanto menos movimento mais elas se alimentam e prolongam o seu tempo de cicatrização. Não fazem barulho, mas deixam marcas profundas.
O comportamento sedentário é o maior cúmplice da úlcera. Estudos mostram que pessoas com mais de 65 anos passam, em média, 16 horas por dia sentadas. Esse repouso prolongado é um convite para a cronificação da úlcera. A UPV é sorrateira – muitas vezes começa como uma pequenina ferida e, quando damos por ela, já “se instalou”.
O sangue que não é devolvido ao coração acaba por acumular-se, provoca inflamação, edema, alterações tróficas na pele, e assim começam a surgir as úlceras de perna. Muitos profissionais de saúde focam-se no tratamento local (pensos) e descuram o tratamento etiológico (compressão contínua).
A principal estratégia para “atacar” estas úlceras é a compressão. Já que a terapia compressiva é um tratamento não invasivo que é capaz de melhorar a hemodinâmica venosa, diminuir o edema e reduzir a inflamação do tecido.
No entanto, a compressão não é toda igual: existem ligaduras inelásticas, elásticas, sistemas multicamadas e sistemas multicomponentes. A taxa de cicatrização de UPV pode duplicar com compressão adequada – sendo fundamental garantir pressões ideais, idealmente 40 mmHg no tornozelo – e que seja confortável para o doente. A escolha depende da avaliação clínica e do nível de mobilidade do doente.
Um aspeto muito importante no sucesso do tratamento é a adesão do doente e, para isso, devemos olhar para ele de forma holística e criar momentos-chave durante todo o processo, ou seja, antes, durante e depois da aplicação da ligadura. Sem dúvida que gerir as expectativas dos doentes durante o processo é decisivo para a adesão e sucesso do tratamento.
Para a coruja, o seu voo não é aleatório. É preciso, orientado, certeiro – assim como a compressão deve ser. O sistema multicomponente UrgoK2 é o único que permite uma compressão contínua, de dia e noite, esteja o doente em movimento ou em repouso, o que permite cicatrizar mais rapidamente comparativamente a outras ligaduras.
UrgoK2 mantém os níveis de pressão terapêutica recomendados, graças aos seus indicadores de pressão – Pressure System –, que asseguram a pressão aplicada. UrgoK2 mantém a compressão terapêutica durante 7 dias, 24 horas por dia.
O sistema é desenhado para uma aplicação rápida e intuitiva, reduzindo as dificuldades mais comuns na aplicação da compressão. Proporciona conforto ao doente, o que inevitavelmente intensifica a sua adesão a esta solução. A sua aplicação eficaz, contínua e confortável traduz-se em melhores resultados clínicos, cicatrização mais rápida e maior qualidade de vida para o doente.
Sem compressão contínua não há cicatrização!
Porém, até a compressão tem limites. Doentes que apresentam um Índice Pressão Tornozelo-Braço (IPTB) inferior a 0,6 é indicador de doença arterial. Nesses casos, a compressão deve ser evitada, sob risco de isquemia.
Tal como a coruja que observa e espera para atacar, sem o devido tratamento, o mesmo sucede com a úlcera de perna venosa.
Mas é diferente da coruja, pois, não traz sabedoria – apenas sofrimento. Comprimir é “atacar” a úlcera. E manter-se ativo é não deixá-la despertar.