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ORL Geriátrica: «A perda de audição no idoso é ainda muito desvalorizada»

Artur Condé, presidente do Colégio da Especialidade de Otorrinolaringologia da Ordem dos Médicos, alerta para o facto de que “a população deve envelhecer de forma saudável e não com problemas que podem pôr em causa o bem-estar e a qualidade de vida da pessoa e seus familiares/cuidadores”.

“É fundamental dar importância à ORL Geriátrica, pelas mudanças sociodemográficas a que assistimos”, afirma o especialista, sublinhando que “a renovação geracional não vai ser como antigamente e os médicos e as unidades de saúde vão ter muitos mais doentes idosos para tratar”.

Em declarações à Just News, Artur Condé refere que a perda de audição e a perturbação do equilíbrio são as situações associadas ao envelhecimento que mais frequentemente surgem na consulta de Otorrino.


Artur Condé

A perda de audição é “algo inevitável”, uma vez que, com o avançar da idade, “todos os sistemas sensoriais, como o auditivo, vão perdendo uma certa eficácia, o que se vai traduzir em perturbações no dia-a-dia, prejudiciais para o idoso”.

O médico explica que essa situação “cria, desde logo, dificuldades de relacionamento com toda a família, cuidadores, amigos e a própria sociedade. O idoso com perda de audição vai interagir menos, porque a comunicação é mais difícil, e isso não contribui para um envelhecimento saudável”.

No caso específico da perturbação do equilíbrio, Artur Condé sublinha que as consequências podem ser muito graves:

“Uma pessoa com este problema vai evitar movimentar-se, com receio de cair. E quando cai tem muitas vezes lesões graves, como traumatismo cranioencefálico ou fratura da anca, que levam a maior imobilização, com todas as consequências nefastas do sedentarismo.”


2.as Jornadas de ORL Geriátricas

"A perda de audição no idoso é ainda muito desvalorizada"

É precisamente para demonstrar que a Otorrinolaringologia Geriátrica deve ter "um espaço próprio de desenvolvimento científico e de partilha de conhecimentos" que Artur Condé, na qualidade de diretor do Serviço de ORL do Centro Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), tem vindo a dinamizar a realização das Jornadas de ORL Geriátricas.

Conforme o médico explica, o evento, cuja 2.ª edição se realizou recentemente, pretende ser mais um contributo para que, em última análise, o doente idoso com problemas otorrinolaringológicos seja cada vez mais bem acompanhado, até porque "a perda de audição no idoso é ainda muito desvalorizada pela sociedade, inclusive por profissionais e familiares".

Na sessão de abertura desta reunião, o responsável fez questão de chamar a atenção para “a necessidade de alertar as nossas consciências para a urgência de uma atenção mais profunda” para esta temática, “que nos colocará questões clínicas e sociais muito importantes no futuro”.

“Também o nosso hospital e o nosso serviço se devem preparar para esse tempo futuro”, frisou, prosseguindo: “É por isso que temos vindo recorrentemente a chamar a atenção para as precárias condições em que trabalhamos, que nos envergonham perante os nossos doentes e nos retiram o entusiasmo profissional de que necessitamos para ultrapassar as dificuldades que se nos colocam.”



Dirigindo-se particularmente ao novo presidente do Conselho de Administração do CHVNG/E, Rui Guimarães, que esteve presente na sessão acompanhado da sua diretora clínica, Diana Mota, referiu-se ao “capital humano invejável” do Serviço de ORL, acrescentando:

“Somos um grupo solidário, coeso, com vontade e competência técnica para melhorar a nossa capacidade assistencial. Mas sem um plano de recuperação deste serviço, dando-lhe as mais básicas condições de trabalho, temo que não seja possível fazer melhor.”


Rosmaninho Seabra, Jorge Spratley, Fausto Fernandes, Artur Condé, Diana Mota, José Cabral Beirão, Manuel Monteiro e Rui Guimarães

ORL do CHVNG/E: "Um dos serviços de referência a nível nacional"

Em resposta, o administrador sublinhou o nível da reunião e confirmou que o Serviço de ORL do CHVNG/E “tem sido um dos mais esquecidos do hospital”. Confirmando que o mesmo tem instalações previstas na nova fase do hospital, disse esperar que “rapidamente a Otorrino tenha aquilo que merece e, sobretudo, que os seus doentes merecem”.

Jorge Spratley, presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia (SPORL), não poupou nos elogios, tendo afirmado: “Tem-se imposto no panorama nacional como um dos serviços de referência, coeso, com capacidade e iniciativa científica, prestando à comunidade aqui da zona norte um serviço verdadeiramente imprescindível.”

Realçou também “a capacidade, o rigor e a seriedade” com que Artur Condé tem presidido ao Colégio da Especialidade de ORL da OM”, adiantando que “tem enfrentado desafios difíceis e que tem sido uma pessoa conciliadora, mas rigorosa”.



Para além de Rosmaninho Seabra, representando a Associação Portuguesa de Otoneurologia, Fausto Fernandes, da Direção do Colégio da Especialidade de ORL da OM, e Manuel Monteiro, vereador da Câmara Municipal de Gaia, a mesa de abertura incluiu ainda José Cabral Beirão, presidente de Honra das Jornadas.

Sócio honorário da SPORL, José Cabral Beirão foi diretor do Serviço de ORL do Hospital de São José, em Lisboa, tendo sido pioneiro na criação de unidades de Otoneurocirurgia e de Cirurgia Endoscópica Nasossinusal.

O otorrinolaringologista Andres Soto-Varela (Espanha) foi convidado especial das 2as Jornadas de ORL Geriátricas, que tiveram como secretária-geral Edite Coimbra Ferreira.


Artur Condé com Andres Soto-Varela, Edite Coimbra Ferreira e José Cabral Beirão


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