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Cancro cutâneo: Sociedade de Dermatologia quer «estratégia conjunta»

Com a chegada de mais uma época balnear, a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) volta a alertar para os perigos do sol e suas consequências, sendo a mais grave o cancro da pele. Por forma a prevenir a escalada do número de casos, a SPDV quer promover uma política de diálogo com as restantes sociedades científicas que se debruçam sobre o tema e construir uma estratégia conjunta para minimizar os riscos de cancro cutâneo.

Uma das áreas que os dermatologistas observam com maior preocupação é a da pediatria, alertando que os erros cometidos na infância poderão ter implicações bastante sérias na vida adulta.

Alberto Mota, dermatologista e membro da Direção da SPDV, frisa que muitas das queimaduras que as crianças hoje sofrem por excesso de exposição solar – os vulgares escaldões -- são um fator de risco relevante para casos de cancro no futuro, nomeadamente o melanoma maligno. Neste processo, o especialista salienta que o papel dos pais na educação é fundamental.



“A educação das crianças deve ser começada pelos pais e pelas escolas no sentido de mostrar os perigos que o sol oferece. Não queremos que as pessoas vivam à sombra ou tenham medo do sol, mas há que evitar os excessos, que se podem vir a traduzir em casos de cancro de pele. É necessária moderação e cumprir regras de educação para a saúde”, afirma Alberto Mota.

Por força da atualidade, o cancro cutâneo foi precisamente um dos temas fortes da Reunião da Primavera 2017 da SPDV, que nos dias 2 e 3 de junho se realizou em Lisboa. Miguel Correia, vice-presidente da SPDV, realça que a “desinformação” que houve junto da população obriga a que o tema volte a debate.

“A mensagem que foi passada, nomeadamente que se podia apanhar sol a qualquer hora e que isso era benéfico, levou a que muitos portugueses tomassem por boas práticas que estão demonstradas como causa para o risco aumentado de sofrer cancro de pele", explica o dermatologista.

Assim, acrescenta, "o tema da oncologia cutânea e da validação científica verdadeira e profunda ganhou especial relevância na nossa reunião”, considerando que é possível conciliar as recomendações das várias especialidades "sem haver qualquer choque".

“A cooperação entre as várias áreas de conhecimento médico é inquestionável. Todos olham para as pessoas no sentido da promoção da sua saúde e do seu bem-estar, mas não podemos cair em informações que revelam uma enorme falta de bom senso”, diz o especialista.

Na sua opinião, as alentejanas tapadas e com chapéu na cabeça e o pescador com camisa de mangas compridas para se proteger do sol são, "ensinamentos milenares que não devemos esquecer por causa de uma moda".

A este propósito, o presidente da SPDV, António Massa, assegura que "não há qualquer contradição" entre a visão da Dermatologia e a de outras especialidades, como a Reumatologia, que defende a exposição solar moderada em prol da saúde óssea.

“Estamos a falar do mesmo, mas de maneiras diferentes”, esclarece o especialista, que confirma que o sol é essencial à vida.

“O que está em causa é a hora a que a pessoa se expõe ao sol. Se apanharmos sol de manhã e ao fim do dia não há qualquer problema. E isto é simples de perceber: se, quando estamos ao sol, a nossa sombra é pequena, então não é a hora indicada para estarmos expostos”, explica, acrescentando que o risco é acrescido nessas horas e em grupos específicos, como as pessoas de pele clara e os sardentos.

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